Carnaval, celebração da fartura

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr

24/02/2015 às 07h00 - Atualizada 26/02/2015 às 16h08

Acredita-se que a origem da festa do Carnaval tenha se dado na Grécia antiga, em meados dos anos 600 a 520 a.C. O objetivo do festejo era celebrar cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção agrícola. Se estendermos essa tradição para a era contemporânea, o Brasil tem muito o que comemorar em 2015. Enquanto 2014 foi um ano de amargura para o setor industrial, a época foi de fartura para a agricultura brasileira. A última estatística da produção agrícola divulgada pelo IBGE, em novembro de 2014, já confirmava a expansão do setor. Conforme as estimativas do instituto, a safra de 2014 cresceu 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 71 milhões de hectares em área colhida. Em termos de toneladas, destacam-se as variações positivas na produção da soja (4,6t), mandioca (2,3t), milho em grão 2ª safra (1,9t) e trigo (1,7t). Também houve expansão na produção de alimentos mais frequentes nos pratos dos consumidores, como batata-inglesa 3ª safra (31,5%), café em grão (23,7%), cebola (6,7%), feijão em grão 1ª safra (31,5%), mandioca (11,1%) e arroz em casca (3,3%). Para alguns produtos, o crescimento da oferta já repercutiu na queda dos preços, contribuindo para o reequilíbrio do mercado em épocas de seca.

Tais resultados são decorrentes dos programas de incentivo aos produtos rurais, providos pelo BNDES. Dentre os programas que tiveram maior aumento de recursos creditícios em 2014, destacam-se o Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro) (259,6%), o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) (107,3%) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) (73,4%). No que diz respeito ao Crédito Rural, houve um acréscimo geral de 29,2% entre julho de 2013 e junho de 2014, atingindo R$ 179,6 bilhões em financiamentos. Esses números são superiores às projeções feitas pelo próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em virtude da maturação dos investimentos realizados nos últimos anos, com destaque para o ano de 2013, a demanda do mercado brasileiro de máquinas rurais encerrou em queda no ano de 2014. De acordo com Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre janeiro e novembro de 2014 houve uma retração de 16,6% em comparação a 2013.

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Em decorrência desses incentivos, as perspectivas para 2015 e próximos anos são bem promissoras. A primeira estimativa da safra nacional, feita em janeiro de 2015 pelo IBGE, aponta para um acréscimo de 0,9% em relação à produção de 2014. A expansão dessa oferta é bem expressiva em alguns produtos de primeira necessidade, como arroz em casca (3,3%), batata-inglesa 1ª safra (1,2%), feijão em grão 1ª safra (15,2%), mandioca (3,9%) e trigo em grão (20,4%). Em valores absolutos, novamente a produção da soja lidera o ranking (9t). Projeções da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) sinalizam que a produção brasileira poderá alcançar 33% de representatividade no comércio mundial nos próximos cinco anos. Hoje o país detém aproximadamente 22% das terras férteis do mundo, de acordo com o Mapa. Apesar do período de amargura que a economia brasileira enfrenta, a oferta agrícola deve manter o ritmo de expansão se a crise hídrica for resolvida. Portanto, a recomendação é entrar na Quaresma rezando para chover.

Por Guilherme Silva Cardoso, Adam C. Carvalho Rocha,  Admir A. Betarelli Jr e Vinícius de Morais Mendes

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