Construção civil: custos em alta, empregos em baixa

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr.

23/06/2015 às 07h00 - Atualizada 23/06/2015 às 08h44

A construção civil é um dos segmentos que mais empregos gera na economia. Nos últimos anos,foi também um dos setores de maior crescimento, principalmente devido às políticas governamentais de apoio, como expansão do crédito imobiliário, programas de acesso à casa própria e lançamento de obras públicas. Em 2012, o governo anunciou pacotes adicionais de incentivo à construção civil, por meio da desoneração da folha de pagamento, redução de tributos e redução dos juros do crédito às empresas do setor. Tal conjuntura de estímulo à construção civil teve como consequência, além da forte expansão do setor, um esperado aumento de seus custos justamente pelo aquecimento da demanda por seus insumos.

Um dos principais indicadores para avaliar os custos dos insumos utilizados pelo setor de construção civil é o Custo Unitário Básico (CUB/m2), calculado pelos sindicatos estaduais da indústria da construção e que, na maioria dos casos, reflete o custo nas respectivas capitais desses estados.O CUB/m² se baseia no projeto de residências multifamiliares, compostas de garagem, pilotis e oito pavimentos (edifícios) e é calculado com periodicidade mensal, com base nos diversos projetos do tipo e levando em consideração os lotes básicos de insumos (materiais de construção, mão de obra, despesas administrativas e equipamentos). A variação do CUB/m2, além de servir como termômetro para o nível de atividade no setor, tem servido como instrumento de reajuste de preços em contratos da construção.

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Acompanhamos a evolução deste indicador na cidade de Juiz de Fora e nas principais capitais do país, para o período de janeiro de 2010 a janeiro de 2015, que coincide com a mudança na política de incentivo ao setor. No período,é possível observar crescimento do custo básico da construção em todas as cidades. Em Juiz de Fora não foi diferente. Entretanto, a elevação dos custos por aqui (27,8%) é inferior à verificado nas capitais do país. A cidade de Fortaleza obteve a maior variação (47,5%), seguida por Curitiba (43%), Rio de Janeiro (39,4%), Brasília (38,6%), São Paulo (37,0%), Belo Horizonte (36,8), Salvador (35,2%) e Manaus (28,3%).

Em relação à composição do CUB/m2, nos últimos meses, nota-se que a custo com mão de obra tem se tornado mais significativo, revelando que o setor é intensivo em capital humano. Em Juiz de Fora, o custo com mão de obra chegou a 52,3% do indicador, contra 44% com materiais de construção.

A partir do início de 2015,o Governo passou a tomar uma série de medidas de restrição ao crédito imobiliário que devem afetar a construção civil e promover um forte desaquecimento do mercado. O setor já vem experimentando, nos últimos meses, redução no número de postos de trabalho gerados. Para Juiz de Fora essa é, sem dúvida, uma má notícia. Os trabalhadores, antes disputados pelos diversos empreendimentos lançados na cidade e que viram seus salários crescerem e aqueceram a economia local via consumo, correm agora o risco da perda do emprego.

Por Fernando S. Perobelli, Inácio F. Araújo Junior, Vinícius A. Vale,Cassiana Amaral e Mariana Guedes
Faculdade de Economia/UFJF
E-mail: cmcjr.ufjf@gmail.com

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Luciane Faquini

Luciane Faquini

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