Alguns são mais iguais do que outros

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr.

15/09/2015 às 07h00 - Atualizada 14/09/2015 às 23h39

Enquanto a economia sofre com a recessão e créditos cada vez mais caros, alguns setores irão se beneficiar de uma nova política do Governo, que, aliado aos bancos públicos, promete conceder créditos às empresas de determinados setores, além de garantir taxas de financiamento mais baixas, desde que tais empresas se comprometam a não demitir seus empregados.

O setor automobilístico, como quase sempre, será o primeiro a obter créditos do programa financiado pela Caixa. O previsto é que o Governo ofereça cerca de R$ 5 bilhões, para capital de giro e investimentos, até o fim deste ano. Em 2015, a produção de veículos já acumulou uma queda de 18% até julho, de acordo com a Anfavea, impactando diretamente as contratações no setor, que no primeiro trimestre deste ano desempregou cerca de 12 mil funcionários.

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O próximo acordo, segundo a presidente da Caixa, Miriam Belchior, seria com a construção civil, que, de junho de 2014 até o mesmo mês deste ano, promoveu cerca de 600 mil demissões, na esteira da queda de 5,6% nas vendas em relação a 2014. Vale lembrar que algumas empresas desse setor já se encontram em situação de endividamento elevado. E a ajuda não para por aí: a meta é que o crédito subsidiado se estenda para outros setores atualmente em situação financeira bastante delicada, tais como petróleo e gás, elétrico, alimentício, entre outros.

As fontes de financiamento para as linhas de créditos especiais seriam as de sempre: FAT e BNDES, ou seja, dinheiro do contribuinte. A taxa para empresas que se comprometam com a manutenção dos seus funcionários seria de 0,83% ao mês + TR, com uma carência de seis meses para o pagamento.

Em meio à crise econômica, o programa de concessão de créditos visa garantir alguma estabilidade para setores capazes de gerar impacto imediato na economia do país, pela já tradicional via do emprego. Essa via, amplamente adotada nos governos petistas, foi inicialmente contida pelo Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, logo após sua posse, no início do segundo mandato da presidente Dilma. Além de empurrar a oferta dos setores beneficiados, há ainda o frágil propósito de incitar investimentos por parte do setor privado nos segmentos que serão beneficiados pelo programa. Joaquim Levy, conhecido defensor das medidas de ajuste fiscal, sai derrotado do debate. Resta saber se, no médio prazo, os contribuintes o acompanharão na derrota.

Por CMC Jr – email para: cmcjr.ufjf@gmail.com

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Luciane Faquini

Luciane Faquini

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