O (não) investimento e o (não) impulso econômico

Por Tribuna

11/07/2017 às 04h00 - Atualizada 10/07/2017 às 15h46

Por Wilson Rotatori, Vinícius Nardy e Luis Filipe Massei

Ao observarmos dados econômicos referentes à economia brasileira na primeira parte da atual década, nos deparamos com números promissores: entre 2009 e 2014, crescimento no PIB (17,95%) e no consumo das famílias (21,93%). A renda média habitualmente recebida, comparando-se 2014 com 2012 (primeiro ano em que o levantamento foi realizado) também cresceu (4,55%). Entretanto, a queda na atividade econômica que havia atingido o país em 2009 retornou mais forte a partir de 2015, e, apesar de alguns indicadores do primeiro trimestre de 2017 serem alentadores, outros demonstram uma piora no cenário referente ao mesmo período de 2016. No que tange ao investimento (compra de máquinas e equipamentos), queda de 3,74%. Grande impulsionador do resultado final do PIB, o investimento se mostra correlato aos aportes realizados pelo BNDES.

Esses aportes se mostram relevantes para representar as expectativas e posicionamento dos investidores. Até agora, os resultados de 2017 continuam piores que os de 2016. Houve queda de 16,37% na consulta ao BNDES por possíveis investimentos (R$ 21,31 bilhões neste ano contra R$ 25,48 bilhões em 2016) e diminuição de 4,93% nas aprovações do banco (R$ 14,47 bilhões em 2017 frente a R$ 15,22 bilhões no ano anterior). Para fins de comparação, em 2010, ano posterior à última recessão vivenciada pelo Brasil – 2009, pós crise norte-americana/mundial – os índices de aprovações do BNDES no primeiro trimestre ficaram na casa de R$ 48 bilhões, em valores de 2017, representando uma variação positiva de 48,12% em relação ao mesmo trimestre de 2009. O investimento naquele mesmo ano sofreu um choque positivo de 29% em relação ao primeiro trimestre de 2009. Em meio à postura austera, necessária e adotada pelo governo atual, é inviável pensar numa atuação tão forte novamente. O que torna difícil, também, imaginar uma recuperação como a observada em 2010 para os próximos anos, sendo provável que tenhamos mais uma “década perdida”. Mas por quê?

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Analisando dados de 2009 e 2010, pode-se perceber que houve uma mudança na condução da política fiscal até então vigente, adotando-se um estilo mais arrojado e expansionista naquele período, a fim de manter o mercado aquecido, valendo-se da redução de certos impostos e, principalmente, da expansão de crédito. Foi possível, então, uma saída menos turbulenta da crise que assolava o mundo, mas o preço a ser pago foi alto: de 2009 a 2016, a dívida pública brasileira deu um salto de mais de 10% em proporção do PIB, passando de 65% para 76% em 2016. Nos últimos sete anos, o estoque da dívida, que se encontrava na casa de R$ 1,50 trilhão em 2009, chegou a incríveis R$ 3,11 trilhões no fim de 2016. Dessa expansão, cerca de R$ 440 bilhões representam haveres da União junto ao BNDES, segundo dados da STN (Secretaria do Tesouro Nacional).

Sem governo, com o não investimento, há como acreditar no impulso econômico?

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