Que sociedade é esta? Já não somos tão jovens
A população com mais de 65 anos vem crescendo rapidamente no Brasil. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projetam que em 2050 a população idosa vai mais que triplicar em relação aos dias atuais, chegando a representar 30% da população (em 2010, segundo o último censo demográfico, a população idosa correspondia a 7,4% da população). Neste mesmo período, a expectativa de vida vai passar dos atuais 75 anos para 81 anos de idade.
Semelhante ao restante do Brasil, Juiz de Fora também vem apresentando crescimento significativo no número de idosos. Entre os anos de 2000 e 2010, a população com mais de 65 anos aumentou de 7,4% para 9,3% – acompanhada da redução de 24,4% para 19,1% da população com até 15 anos de idade. Os dados revelam que o município passa por um momento de transição demográfica, no qual o topo da pirâmide etária começa a se alargar ao mesmo tempo em que ocorre um estreitamento da sua base. Essas mudanças podem impulsionar importantes transformações na economia local.
Num contexto de transição demográfica, há certamente duas modificações no mercado de trabalho: um aumento do número de idosos à procura de trabalho e um aumento da oferta de serviços dedicados a esta população.
Enquanto a população idosa cresceu aproximadamente 40% entre 2000 e 2010, o número de idosos no mercado de trabalho aumentou 83,6% em Juiz de Fora. No Brasil, segundo o IBGE, a readmissão de idosos chega a cerca de 20% dos aposentados.
Sobre a oferta de serviços para essa população, dados do Ministério do Trabalho para Juiz de Fora mostram que, entre 2010 e 2014, cresceu em 43% o número de profissionais nas principais ocupações com especialidades voltadas para o atendimento a idosos, tais como fisioterapeutas, terapeutas, cuidadores de idosos, geriatras, pneumologistas, urologistas e coloproctologistas. Apesar desse aumento, Juiz de Fora ainda apresenta um especialista para cada 24 idosos, enquanto em Belo Horizonte há cerca de um especialista para cada 14 idosos.
Sobre as possibilidades criadas por tais mudanças demográficas, destacamos o espaço para oferta de serviços que serão demandados por essa camada da população e a necessidade de políticas públicas na área de saúde. Junto com as oportunidades que serão criadas, também serão demandados maiores gastos com aposentadoria, em um contexto de redução da população em idade para contribuir com a previdência social. Dada a rapidez dessa transformação, o cenário é de adaptação da sociedade, que vai ser obrigada a repensar desde a infraestrutura urbana até a oferta de vagas no mercado de trabalho, transformações na oferta de serviços médicos e no sistema previdenciário. Envelhecer com sabedoria e planejamento é cada vez mais preciso.
Por Leandro V. Pereira, Joyce A. Guimarães, Adryse V. Lima, Inácio F. Araújo Junior e Fernando S. Perobelli. Email para cmcjr.ufjf@gmail.com