‘Slow food’ – A arte de comer bem

Por Cesar Romero

15/10/2017 às 07h30 - Atualizada 13/10/2017 às 19h17

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‘Slow food’ – A arte de comer bem

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Poucos elementos dizem tanto a respeito de um povo quanto sua gastronomia. Quando ela respeita a terra, seus ciclos e ritmos, traduz-se perfeitamente então no conceito moderno do ‘Slow food’. O movimento surgiu em 1989, na Itália, e valoriza a alimentação com prazer, os ingredientes da terra e a responsabilidade sócio-ambiental. Recupera valores esquecidos com o ritmo acelerado do ‘fast food’, enfatizando a importância do alimento bom, limpo e justo.

O Festival Sabores da Serra, que acontece no próximo final de semana, em Conceição de Ibitipoca, tem inspiração no conceito do ‘Slow food’. Com o tema “Cio da Terra – O ouro à mesa”, vamos ressaltar as tradições gastronômicas da região e produtos como o queijo, palmito de pupunha, ora pró nobis, cordeiro, frango caipira, porco, milho (fubás), pinhão, flores comestíveis e as PANC’s (plantas alimentícias não convencionais) que serão usados nos pratos dos restaurantes participantes.

Em praça pública, uma feira de produtores regionais destacará a cachaça, pães, quitutes e cervejas artesanais, mesclada com atrações culturais. Será uma honra para nós receber os renomados ‘chefs’ Flávio Trombino (BH), Beto Zaiden e Rodolfo Mayer (JF) para os festins gastronômicos que darão ainda mais charme ao Sabores da Serra. Em sua segunda edição, o festival mostra sua força para entrar definitivamente no calendário de eventos da turística vila, porta de entrada para o belo Parque Estadual de Ibitipoca.

Ana Paula Esteves é ‘chef’, diretora de eventos da Rede Ibitipoca Turismo e Hospitalidade e leitora convidada

ELES ACONTECEM

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Belo exemplo em Três Ilhas: Educadora conceituada e com larga experiência em coordenação pedagógica, Regina Mirian Pinto não perdeu a oportunidade de fotografar, em São José das Três Ilhas, sua mãe Vicentina da Conceição Alves dos Santos. Aos 99 anos, dona Vicentina espera, diariamente em sua casa, pela aluna Ana Luiza (7 anos), a quem ensina a ler e a escrever.

 

 

PAPO DE DOMINGO

Eliane Ferreira: A professora sonha e luta por uma Nação livre

Eliane de Souza Ferreira, juiz-forana, 38 anos de magistério, dá uma aula de civilidade: o dia do professor deve ser comemorado o ano todo, porque independente de salário, a luta por uma Nação livre tem que continuar. Apesar de formada inicialmente em farmácia e bioquímica, o magistério falou mais alto e Eliane partiu para uma segunda graduação- História- também na UFJF. E foi no Instituto Granbery, que ela iniciou sua carreira como professora de Química. Mais tarde, lecionou História, no Colégio Magister e no Instituto Educacional Allan Kardec. Nos últimos 28 anos convive com o ensino público na Escola Municipal Adhemar Rezende de Andrade. Eliane Ferreira tem especialização ainda em economia e ciência das religiões. Entre a casa e a escola concilia suas atividades “com muita organização e disciplina”.

CR- Hoje é o dia do professor. Tem muito a comemorar?
– Certamente. E comemorar todos os dias. Muito que se faz em educação no Brasil se deve à nossa persistência, resiliência e ousadia. Devemos, em especial, comemorar a nossa luta diária para a construção de uma Nação verdadeiramente livre. Principalmente livre do preconceito e da intolerância.

– Há diferença no ensino da escola pública para a particular?
– Não deveria existir. O aluno não se reduz ao conceito “publico” e ” privado “. São alunos. E todos têm condições de aprender.

– A violência é um problema sério na escola de hoje. Como vê isto?
– É resultado da falta de políticas públicas no Brasil e também da miséria da desigualdade social – endêmica desde os tempos da colonização.

– Educação vem de berço ou da escola?
– Todos os lugares são espaços educacionais: Família, escola, museus, praças…A sociedade toda tem que assumir o compromisso de educar, em especial para a cidadania.

– O salário tem sido, ao longo do tempo, o grande problema para a sobrevivência no magistério. Acredita numa solução?
– Acredito, como Darcy Ribeiro, que ‘ a crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto ‘. Desta forma, a questão salarial, a desvalorização do Magistério e a falta de investimento em educação só não tem resposta porque há uma inércia proposital e uma falta de vontade política dos governantes. Solução existe.

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– O computador na escola. O que melhorou?
– Qualidade em educação não tem relação somente com o uso de tecnologias. Tem relação com o projeto político pedagógico da Escola. Investimentos, criatividade, sensibilidade e atenção à diversidade são determinantes para alcançar educação de qualidade. Entre um computador mal utilizado e a escolha de um estudo que nos façam livres, fico com a segunda alternativa.

– Antes, os livros didáticos passavam de um irmão para outro. Isso acabou. Acha certo?
-Adoraria ver o tempo em que todos pudessem ter acesso à livros. É lamentável um livro parado na estante.

– Nas escolas, há professores para atender os alunos especiais?
– Sim. No entanto as escolas e a sociedade estão pouco preparadas para atenderem àqueles que têm necessidades especiais. Mesmo limite para um trabalho que respeite à diversidade.

– Os pais participam da vida escolar?
– Não como deveriam participar. A sociedade, Como um todo, não assumiu ainda o papel de educar.

– A sra. desenvolve outros projetos na escola?
– Há doze anos, foi criado na escola o Comitê de Cidadania, uma resposta à demanda da comunidade escolar, na época consultada através de uma entrevista. O trabalho, voluntário, tem o objetivo de desenvolver espírito crítico e a prática cidadã. Inicialmente criamos as oficinas de Rádio, Oficina de Direitos Humanos e o Cineclube. Hoje, o trabalho é coordenado por dois monitores, ex-alunos da escola – Higor Teixeira Rodrigues e Diana Rodrigues Dornelas da Costa.

Ping Pong

Livro: Capitães de Areia, de Jorge Amado. Ajudou a despertar minha sensibilidade social.
Escritor: Darcy Ribeiro.
Ator: Paulo Autran
Atriz: Fernanda Montenegro.
Cantor: Luciano Pavarotti
Cantora: Maria Bethânia.
Música: Nessum Dorma, aria da ópera Turandot.
Filme: A Missão.
Momento mágico: Na verdade tenho dois. Reuniões em família e quando estou com meus alunos. Magia pura ver os olhos brilhando das crianças descobrindo o mundo.
Prato: Bacalhoada
Perfume: Ange ou Démon
Griffe: As duas melhores são a simplicidade e a discrição.
Viagem: Tiradentes…sempre.
O que te irrita: Preconceito
Virtude: Objetividade
Juiz de Fora: Melhor cidade porque aqui estão muitos que são importantes para mim.
Frase: ” A coisa mais importante para os brasileiros é inventar o Brasil que nós queremos “.

 

 

 

Cesar Romero

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