Fala Quem Sabe

Por Cesar Romero

10/01/2021 às 07h04 - Atualizada 09/01/2021 às 07h40

Fala Quem Sabe

Crianças em casa no verão da pandemia

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A infância tem sido o objeto de atenção em tempos de pandemia, não somente de mudanças, mas disruptivo. Não estávamos em férias, mas as crianças estavam em casa, em estudo remoto, do modo possível para cada uma, com os impactos e reflexos tão discutidos ao longo do ano que passou. E agora, o que fazemos com elas em casa, no verão da pandemia? Como promover um novo/velho enquadre – ficar em família 24h – possibilitando diversidade de estímulos, experiências prazerosas e enriquecedoras, interlocução e convívio saudáveis, essenciais à sua constituição como sujeitos?

Cabe aos pais levarem em conta a resposta singular do filho, frente ao “pandemônio” que se instalou à nossa volta, num contexto de perdas, por vezes de dor e sofrimento que se abateu sobre muitas famílias, por vidas ceifadas. Perdas simbólicas que implicam em reinvenção no ato de existir, perdas reais…

Muitas crianças estão tristes, inseguras, irritadas, agressivas e impacientes. Uma saída própria à infância é o brincar. Elas não brincam porque querem se divertir. Brincar mobiliza forças internas daí, elas brincam para se haverem com a angústia que as invade – não há outra saída (saudável) a não ser brincar, ainda que confinadas em casa. Trata-se, pois, de brincar com os filhos, de propiciar um espaço para o brincar criativo, participativo, que busque deixar de lado a competição e privilegie o compartilhar de descobertas, com respeito aos limites, às diferenças e aos saberes singulares. Se possível, brincadeiras ao ar livre, que estimulem e exercitem o corpo em desenvolvimento.

Atenção às armadilhas do mundo virtual! As crianças da pós-modernidade são conectadas e ávidas pelo consumo de ferramentas tecnológicas, embora reconheçamos que estas trouxeram um alento ao nos aproximar de familiares e amigos, preservando os vínculos. Os pais têm disponibilizado aos filhos, cada vez mais cedo, a utilização do celular – para “acalmá-los” – com o acesso indiscriminado aos jogos eletrônicos e videogames, que os deixam isolados e privados de brincadeiras, de socialização. Levar isso até que ponto? Somente os pais podem responder a essa pergunta, numa construção com os filhos, impondo limites com firmeza e clareza, sem negociações.

As crianças estão cansadas e os pais também. Crianças entediadas tendem a se afastar de seus pais. Cabe a eles trazê-las para o laço afetivo e social, buscá-las em sua essência e intimidade, respeitando a liberdade e privacidade de cada uma, no espaço do lar. Sigamos em frente…

(Lucia Castro Britto é psicóloga, psicanalista e leitora convidada)

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Cesar Romero

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