Fala Quem Sabe

Por Cesar Romero

02/05/2021 às 07h20 - Atualizada 30/04/2021 às 20h23

Literatura e pandemia

Da minha janela tento segurar o mundo que segue lá fora e parece que se esvai aos poucos. Meus olhos, inundados de saudade refletem amigos, parentes, acontecimentos rotineiros e comemorações que não existem mais. Não sabemos como será o futuro, mas prefiro acreditar nas palavras de Dostoiévski, quando dizia “Sem Arte não há salvação” e a elas me apegar, tanto por gosto como por aí encontrar um mecanismo de autodefesa.

PUBLICIDADE

Observamos que, momentos de crise, como guerras, desastres naturais, pandemias e outros eventos devastadores, resultaram em surpreendente florescimento das artes. A pintura, a escultura e a música representaram situações trágicas com grande beleza.

A literatura também registrou os horrores causados por doenças e epidemias com magistral uso das palavras, contrapondo questões de saúde às questões éticas e morais ou mostrando aspectos que afloram em situações de crise.

Obras primas como Um diário do ano da peste, escrito por Daniel Defoe no século XVII, A peste, de Albert Camus, no século XX, O Amor nos tempos do cólera, em que Gabriel García Márquez retratou a epidemia que atingiu a Colômbia e o famoso Ensaio sobre a cegueira, doença ficcional descrita por José Saramago e adaptada para o cinema com grande sucesso, são algumas das consequências artísticas resultantes de tragédias.

Neste período apocalíptico que estamos vivendo, podemos observar o quanto somos ajudados pela literatura. Ela alivia as tensões, relaxa, traz esperança, leva-nos à reflexão e ajuda-nos a valorizar a própria vida. Acredito também que contribua para o desenvolvimento da empatia e nos torne mais sensíveis em relação à natureza e ao mundo em que vivemos.

(Cecy Barbosa Campos é presidente da Academia Juiz-forana de Letras e leitora convidada)

O conteúdo continua após o anúncio

Cesar Romero

Cesar Romero

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também