A falta de empatia com Zé Ricardo


Por Juliana Netto

18/04/2019 às 07h10

Semana passada, finalzinho de expediente e, pela TV ligada na redação, víamos o Botafogo tomar um gol no finzinho da partida e ser eliminado na Copa do Brasil. Mais um fim de linha para um time que já havia dado adeus ao Carioca. Dois dias depois vimos o lamentável desembarque do técnico Zé Ricardo no Rio de Janeiro. Já fora do comando do time alvinegro, sozinho, sem a delegação, que optou por não sair pelo portão principal do aeroporto, mas acompanhado por fotógrafos e cinegrafistas, que registraram as ofensas dirigidas a ele. Algumas delas, para meu espanto, feitas por uma mulher. Uma mulher! Xingando-o com um palavrão que atinge todo o público feminino.

Zé pode ter seu trabalho questionado em suas passagens por Flamengo,Vasco e Botafogo. Ou pode ter nos fracos elencos, principalmente do Glorioso em 2019, a desculpa para seu insucesso à frente da equipe. Mas nenhum dos argumentos justifica a agressão dirigida a ele.

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Em tempos de muito uso do termo empatia, ele talvez também precise habitar mais no dicionário esportivo. Por mais que o futebol seja estratosférico em termos de mídia, salários etc (principalmente nos grandes clubes), acuar um treinador no aeroporto ou em qualquer outro lugar não condiz com o verdadeiro papel do torcedor. Zé Ricardo foi brilhante por não reagir às provocações. Coloquei-me em seu lugar, uma vez que o trabalho de jornalistas muitas vezes é questionado de uma forma tão ofensiva quanto aquela observada no Santos Dumont. Coloquei-me no lugar de sua esposa, de seus filhos, pais, amigos.

É preciso entender a paixão que move o futebol. Perceber que ações como a de semana passada são feitas pela minoria dos torcedores. Mas não podemos enxergá-las como algo normal. Não é normal agredir treinador, jogador ou qualquer outro profissional, independente de quem seja ou onde atue.

É preciso ter empatia. Inclusive no esporte.

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