Viva Braguinha


Por Juliana Netto

14/01/2021 às 06h59

Se tem um livro que eu gosto de indicar – e já até cheguei a citar aqui nesta coluna – é “Guga, um brasileiro”. Uma narrativa envolvente, devorada nas minhas folgas do carnaval de 2015, que mostra a trajetória do garoto de Florianópolis até chegar ao posto de maior tenista brasileiro e um dos maiores do mundo.

Capítulos inspiradores que merecem ser lidos por todos, mesmo para aqueles que não gostam ou pouco entendem de esporte. Como o que narra a saga de dona Alice, mãe de Guga, que, de porta em porta, apresentava a empresários, no início da década de 90, a pasta de recortes de jornais que começavam a noticiar as primeiras conquistas do jovem catarinense. Se não fosse aquela busca incessante e amorosa da matriarca da família Kuerten por um patrocínio que oferecesse condições mínimas para o filho competir no início da carreira, Roland Garros seria somente um sonho para aquele menino franzino.

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Guga vai até a arquibancada abraçar Braguinha e Larri Passos no torneio de Roland Garros, em 2000 (Foto: JACK GUEZ /AFP)

Outra passagem que vale a leitura é a menção a Braguinha, banqueiro milionário – dono da Atlântica Boavista, hoje Bradesco Seguros – que potencializou a carreira do Manezinho, financiando suas primeiras viagens internacionais e ajudando-o a entrar, mesmo que sem ingresso, nas arquibancadas de Roland Garros, anos antes dos três mais famosos títulos do brasileiro na histórica quadra de saibro francesa. Algumas partes da biografia são dedicadas ao discreto incentivador do esporte brasileiro, cujo nome também é associado ao sucesso de Pelé, de Emerson Fittipaldi, da dupla Torben e Lars Grael e de Ayrton Senna. Um dos pontos tristes do livro é justamente a parte que cita a morte do piloto em San Marino, um dia antes de Guga conhecer o ídolo, no encontro marcado sob o intermédio de Braguinha, após a prova de Senna na Itália e de um torneio satélite do tenista em Lisboa.

Antes de “Guga, um brasileiro”, conheci um pouco da história do milionário também no fim da faculdade, nos livros que narram a evolução do vôlei brasileiro e no vínculo de Braguinha com o Atlântica Boavista, grande time da década de 80. A partir dali, a modalidade começou seu salto até se tornar o que é hoje.

Quem sabe, com sua morte na última terça, Braguinha não receba uma biografia em forma de homenagem e que sua apaixonante relação com o esporte não seja esmiuçada mais a fundo. Um bom livro para nós leitores e uma boa referência para quem deseja investir bem suas fortunas acumuladas.

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Tópicos: blogs e colunas

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