Mas eu me mordo de Ciúme…

Você sente muito ciúme?
Ou você é a “vítima” de um(a) parceiro(a) ciumento(a)?
Sentir ciúme é prova de amor?
Existe apenas um tipo de ciúme?
Neste artigo conto a história de um relacionamento onde o “ciúme” é o protagonista…
Leia e entenda um pouquinho mais sobre este sentimento tão comum, que pode acabar relacionamentos e até, ceifar vidas…


Por Elisangela Pereira

28/03/2018 às 17h01- Atualizada 29/03/2018 às 17h11

ciúme

 

PUBLICIDADE

Você é do tipo que sente muito ciúme do seu “amor”?

Ou seria a vítima de um(a) parceiro(a) ciumento?

 

Leia esta história até o final e entenda mais sobre esse sentimento que pode acabar com seu relacionamento (e até com a sua vida!).

 

Era a primeira sessão de Fátima*, que na época, tinha 30 anos.

Buscou terapia porque “queria aprender a ser forte” para não voltar para o namorado.

Augusto*, segundo ela, era um “amor de pessoa”, desde que não estivesse dominado pelo ciúme.

A gota d’água aconteceu no dia do aniversário dela.

Teve buquê de rosas vermelhas, abraço caloroso, um incrível anel de diamante e quaase teve jantar no restaurante favorito.

Quase?

Sim!

Quase…

Porque no carro, a caminho do restaurante, o celular dela tocou.

Um ex-namorado, sem a menor das segundas intenções, ligou para dar os parabéns.

Foi o suficiente.

Em fração de segundos, Augusto*, o amor de pessoa, virou um carrasco torturador.

Aos berros, fazia milhões de perguntas e acusações:

 

– “Por que seu ex tá te ligando?”

-“Vocês se falam sempre, né?

-“Se encontram também?”

-“Eu sabia! Você nunca me enganou, sua… (piiii)!”

 

Emocionalmente descontrolado, Augusto parou o carro e exigiu que Fátima* descesse.

Enquanto a empurrava, gritava:

“Me devolve o anel!”

“Quer diamante? Manda “ele” te dar!

“Sai do meu carro, sua (piiiiiii)”…!

“SAAAAAIIIIIIII!!!!”

 

E Fátima* foi abandonada numa rua escura, longe de casa, pelo mesmo homem que, minutos atrás, a fizera sentir a pessoa mais amada do mundo!

Só que esta, fora apenas mais uma das muitas situações constrangedoras que Fátima* enfrentou ao longo de cinco anos de namoro…

 

Nas sessões posteriores ouvi outras histórias, igualmente dramáticas e não tive dúvidas:

Augusto* sofria de “ciúme patológico”, popularmente chamado de “ciúme doentio”…

 

 

 

Mas,  sentir ciúme não é prova de amor?

 

prova de amor

 

 

Peeeemmmm!!

Mentira!

Vamos acabar definitivamente com este equívoco?

 

Existem dois tipos de ciúmes:

 

  1. O “ciúme comum” (prefiro a palavra “comum” que “normal”, para qualquer situação).  –  Por sua inocência, vou chamá-lo de “ciuminho”!  (sabe? aquele que a gente acha até bonitinho?).

 

  1. O “ciúme doentio”.

 

O “ciuminho” é aquele tipo de ciúme que, provavelmente, você já experimentou um dia.

Esse sentimento causa certo desconforto porque a pessoinha, quando apaixonada, sente-se ameaçada mediante qualquer “investida” de um(a) possível rival.

É o medo de perder a exclusividade, de ser “trocado(a)”.

Mas, essa sensação vem mediante uma situação real.

 

→ Realiza… (sempre que eu lançar um “realiza”, é pra você tentar imaginar a cena ,ok?).

Vocês estão numa festa…

De repente, você percebe alguém azarando seu “crush”.

Você vê nitidamente o empenho da criatura “adversária” em atrair a atenção do “seu” Amor…

Mas, você respira e mantém a elegância!

Até conversa com o(a) “caboclinho(a)”! (maturidade pura!).

Não cria “barraco”…

Não emburra…

Morre! Mas, finge que tá matando, entendeu?

É você → (sua mente), no comando da emoção → (ciúme).

 

 

 

Agora, vamos ao verdadeiro vilão desta história: 

 

“O Ciúme Doentio”

 

ciume

 

O caso de Fátima*, que você leu no início deste artigo, ilustra claramente o “ciúme doentio” (que pelo poder destrutivo chamo de “Ciúme avassalador”).

 

O comportamento de Augusto* tornava-se irreconhecível sempre que sentia sua exclusividade ameaçada.

 

O “ser humaninho” que sofre de ciúme patológico pode gritar, agredir físicalmente e verbalmente, quebrar objetos, chutar o carro, socar a parede…

E o(a) infeliz que estiver “flertando real ou supostamente” com seu (sua) amado(a), que se cuide!

Pode rolar desde xingamentos e pequenos empurrões a ameaças de morte, que infelizmente, muitas vezes, chegam a se concretizar…

É tão fácil encontrar manchetes de “crimes passionais” destacadas em jornais impressos, digitais e nas redes sociais…  Sim ou não?

 

 

“Mas, que história é essa de flertando real ou supostamente? Não entendi” …

 

Explico-me:

 

O “ser humaninho” que sofre de ciúme doentio é especialista em criar situações imaginárias a respeito do(a) parceiro(a)!

O conteúdo continua após o anúncio

Lembra da cena que eu pedi para você”realizar”? A cena da festa?

Lá a ameaça foi concreta, ou seja, havia realmente alguém paquerando o “crush”.

Já no caso de Fátima*, um simples telefonema desencadeou uma série de pensamentos sabotadores na mente do ciumento Augusto*:

 

– “Ela mantém contato com o ex”!

– “Eles se falam com frequência”!

– “Ela me engana” …

 

Estes pensamentos geram tanta perturbação na mente que o comportamento do ciumento se torna imprevisível.

Por isso, Augusto* foi capaz de deixar a “amada”, em uma rua deserta, sozinha, no dia do aniversário.

 

 

 

Por que algumas pessoas desenvolvem ciúme doentio e outras não?

 

por que

No post,  Sobre escrever um blog, contar histórias e ajudar pessoas, demonstrei como o passado influencia nossos comportamentos atuais.

 

Comumente, os ciumentos patológicos são vítimas de rejeição e/ou abandono.

Um adulto que na infância sentiu-se rejeitado, comparado e abandonado, pode se transformar num ciumento patológico.

 

Por quê?

 

Porque a ferida da rejeição ainda está aberta…

Doe muito não sentir-se amado… Sentir-se rejeitado ou preterido é um dos maiores sofrimentos que o ser humano pode enfrentar.

 

Aí, quando o adulto (adulto na idade cronológica, mas, emocionalmente, um bebê) encontra alguém que lhe aceita, acolhe e ama, se agarra a esta pessoa como se ela fosse a última boia salva vidas no naufrágio do Titanic.

 

O medo de reviver a sensação de abandono e rejeição transforma estes “bebês emocionais” em verdadeiros “chicletinhos”!

 

Eles ligam, mandam mensagens, querem estar junto o tempo todo…

 

Só que esse medo excessivo, acaba produzindo o efeito inverso:

O(a) parceiro(a) acaba se sentindo sufocado e por isso, tenta respirar…

 

Tenta “respirar”,  significa apenas manter ou retomar amizades, estar com a família, ficar sozinho de vez em quando…

Mas, o “colei” não deixa!…

Ele tem que ser prioridade na vida do outro (olha aí, tentando curar a ferida da rejeição!).

 

 

Costumo dizer que o(a) ciumento(a) se comporta como um cão de guarda:

 

Ao menor barulho, entra em estado de alerta. E um movimento mínimo pode provocar o ataque.

O importante é não permitir a “entrada” de estranhos, pois se falhar, será castigado com a pior punição do mundo: o abandono!

 

 

Compreendendo o Comportamento:

 

 entendi

 

Você sacou o que o maior medo do ciumento Augusto* era o medo de ser abandonado

 

Mas, o que ele fez com a namorada, Fátima*, no dia do aniversário dela?

 

Deixou-a sozinha numa rua deserta!

 

Sim! Augusto* fez Fátima sentir o mesmo medo que ele sentia! Ele a abandonou!

 

Isto é o que acontece quando não nos conhecemos:

 

Somos capazes de impregnar até aqueles que dizemos amar com nossos medos, dores e frustrações, produzindo sofrimento, angústia e infelicidade…

 

 

Lembrando:

*O nome da paciente foi alterado.

* Fui autorizada a utilizar este caso para ilustrar esta história.

 

Este artigo foi útil para você?

 

Deixe seu comentário! Curta, compartilhe…

 

Já passou por uma situação parecida?

 

Conte pra nós…

 

Prefere privacidade?

Envie um e-mail ou mensagem para mim…

 

E-mail: contato@elisangelapereira.com

Mensagem: www.Facebook.com/psicologaelisangelapereira

 

Até o próximo post!

 

Beijos no coração!

 

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.