Santos x Grêmio resiste ao futebol brasileiro


Por Bruno Kaehler

30/04/2019 às 20h14

Defender um posicionamento, um conceito que você aplica na vida é, em ambiente desconhecido, missão árdua muitas vezes. A defesa é fundamental e demanda estratégias. Levo comigo que, quanto maior o desafio de seguir suas filosofias, maior deve ser a vontade de resistir aos obstáculos.

No melhor jogo da primeira rodada da Série A, o Santos triunfou no Sul sobre o Grêmio em roteiro que se encaixa neste contexto. Sobretudo na etapa inicial. Não abdicou de jogar, marcou a saída de bola mandante e foi letal no setor de finalização das jogadas. Resistiu na manutenção de algumas características da forma de jogar à capacidade criativa gaúcha.

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Sampaoli surpreendeu ao inserir, apenas pela terceira vez no ano, três zagueiros em equipe mista. Em um 5-3-2 na maior parte do jogo, a estratégia no primeiro tempo diluiu a força de Éverton e Alisson pelas pontas. Os atacantes não tiveram situações de superioridade numérica durante toda a etapa inicial, com a linha defensiva paulista povoando o espaço tão bem abusado pelos gremistas. O centroavante André, no trabalho de pivô e em tabelas, era mais buscado, sem o sucesso com o apoio sólido de Pituca, Jean Mota e Jean Lucas à frente da zaga.

Com a bola, aliás, o ex-Fla Jean Lucas foi destaque, autor de saídas velozes pela direita. Soteldo, uma formiga em campo, não parou de incomodar a zaga adversária, com Sasha importante nas finalizações, autor do primeiro gol. O lateral Felipe Jonatan, pela canhota, era preciso na marcação e subia nos momentos certos. Assim anotou tento. Aos 35 minutos, o Peixe já vencia por 2 a 0.

Mas era necessário resistir, também, à capacidade de construção do Grêmio. No segundo tempo, o Santos foi acuado com entradas de jogadores como Luan e Tardelli. Com mais homens à frente, o Grêmio martelou. Renato Gaúcho sofreu com as oportunidades desperdiçadas. Nesse momento, a variação santista, com brilhante atuação do goleiro Vanderlei, se mostrou consistente. Contou com a sorte, como todo bom trabalho. O gol de Éverton, no apagar das luzes, premiou um Grêmio perseverante e qualificado com a bola. Que segundo tempo. Que jogo. Que resistência à triste média do futebol brasileiro.

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