Personalidade quebra linhas


Por Bruno Kaehler

26/06/2019 às 07h05

Sou daqueles torcedores que vibraram mais com a Seleção Brasileira feminina se comparada à minha atual audiência nos jogos do time comandado pelo técnico Tite. Já exaltei, inclusive, a participação de Marta, Formiga, Cristiane e Cia. na Copa do Mundo neste espaço. Transbordam personalidade, amor à camisa, mesmo em um país marcado por desemprego, corrupção e pelo escasso – para não dizer inexistente – investimento no esporte. No entanto, me posiciono na contramão de um popular e crescente movimento desde o fatídico 7 a 1, que tende a criticar veementemente o selecionado masculino.

Reforço: isto não significa que enxergo um elenco imbatível – longe disso, ainda um degrau abaixo de potências europeias. Mas, de forma contraditória à gestão da CBF, a equipe brasileira se mostra organizada em campo desde os primeiros jogos com o gaúcho Adenor. De trás para frente. Defensivamente, é sólida. O sistema é eficaz com as laterais ocupadas por Daniel Alves e Felipe Luís. A cobertura do lado direito pode e deve ser otimizada. Na construção de ataque, no entanto, as variações do 4-1-4-1 e do 4-2-3-1 bem definidos devem emergir.

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Na esperança de um Neymar mais coletivo em seu retorno, após a Copa América, e com Richarlison, Gabriel Jesus ou Everton no lado oposto, além de Philippe Coutinho e de Firmino, o Brasil tem tudo para crescer. Sem levar em conta nomes como Vinícius Júnior, Rodrygo e outros jovens que serão convocados até a Copa do Catar, em 2022.

Para que isso aconteça, não vejo outra alternativa a não ser aproveitar a organização posicional de Tite para quebrar linhas de marcação de uma forma que o brasileiro é especialista. Que tenhamos mais triangulações, mas que, acima de tudo, personalidade no um contra um. O futebol brasileiro sempre foi diferente neste aspecto e tamanha característica é essencial na caminhada. Mas como as meninas brasileiras mostram, quebrar barreiras demanda confiança, coragem. Mas aproxima o povo. Fortalece.

 

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