O Leão de Campos e Surian


Por Bruno Kaehler

26/03/2019 às 19h21

Em duas semanas de trabalho, o técnico do Tupynambás, Paulo Campos, possuía uma missão mais desafiadora no âmbito psicológico do que em campo. Com grupo enxuto em mãos e sem tempo para sessão de treinamentos, as bolas paradas eram mais exploradas no Poço Rico, assim como o ambiente e a motivação do elenco, que sofria declínio dos últimos resultados.

Disposição do Baeta com a posse da bola tinha os avanços dos pontas Núbio e Pimenta

Taticamente, Campos se aproveitava, de forma sensata, da boa herança de Felipe Surian na disposição no gramado, padronizada pelo ex-comandante juiz-forano, quase sempre em um 4-3-3 com a bola em saídas rápidas pelos flancos e um 4-1-4-1 no momento defensivo. Assim foi no 3 a 1 aplicado pelo Atlético, no adeus juiz-forano do Estadual.

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O agitado embate contra os titulares do Atlético no Mineirão com 47 mil pessoas carecia de disciplina na marcação e inspiração sobretudo dos extremos. Sem a bola, todos os atletas do Baeta ocupavam o campo de defesa. Inclusive Ademilson. Marcel se posicionava entre as duas linhas, à frente dos zagueiros. Núbio e Pimenta acompanhavam os avanços dos laterais.

A derrota juiz-forana veio pela discrepância técnica entre os times, sim, facilmente perceptível na qualidade das finalizações de Cazares e Ricardo Oliveira nos três gols. Mas também por detalhes que poderiam ser evitados. No primeiro tento, a velocidade de Luan em reposição de bola na cobrança de lateral, que culminou com assistência para Cazares, foi possível pela lentidão dos volantes na retomada defensiva, com entrada da área livre para o meia atleticano.

Também pelos desfalques, como o de Geovani, Campos sabia que a principal oportunidade de chegar ao gol do Atlético era na contundência pelos lados, em cima dos laterais Guga e Fábio Santos. E assim foram criadas as melhores oportunidades do Baeta, na velocidade de Núbio e de Pimenta.

No meio-campo, a busca pela lateralização era imediata com Anderson, improvisado como volante, e Léo Salino, um em cada lado na intermediária defensiva. Mesmo o goleiro Renan Rinaldi tentava lançar Núbio para o atacante obter chance de um contra um no campo de ataque, enquanto os atleticanos retomavam posicionamento. O Baeta finalizou sempre com jogadas pelos lados, mas não transformadas em gols. O tento, de pênalti convertido por Adê, saiu em jogada pelo lado de Igor Soares, na segunda etapa.

O Leão foi o Leão de Campos e Surian. Encarou as limitações. Como a do treinador ex-Real Madrid, que trabalhou com fratura na costela. E buscou atalhos pelas características dos atletas em time formado e automatizado por Surian.

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