O português arrogante


Por Bruno Kaehler

19/02/2020 às 07h10

Não sou flamenguista, mas torço pela permanência do técnico português Jorge Jesus. Como gostaria que o argentino Sampaoli estivesse em algum clube brasileiro neste início de temporada. E como me deixou feliz o acerto de Tiago Nunes com o Corinthians, de Odair Hellmann no Fluminense, Eduardo Coudet com o Internacional… Entretanto, como nem tudo são flores – ou quase tudo não são flores no futebol brasileiro -, há clubes que insistem na retrogradação. O Vasco, com Abel Braga, e o Botafogo, com Alberto Valentim – já demitido -, e Paulo Autuori, contratado em seguida, são alguns dos casos mais populares.

A empatia me é natural ao acompanhar e analisar o trabalho de profissionais de qualquer esporte que afastam o comodismo, isolam a rotina passiva, suam para introduzir cada detalhe de suas filosofias nas equipes treinadas e tentar minimizar as valências do próximo adversário em curtíssimo período entre os jogos. E o principal: que causam um desconforto necessário no meio não pela personalidade, mas sobretudo por terem pensamentos fora da caixa. Por linkarem o profundo conhecimento à originalidade.

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E Jorge Jesus é o mais fresco e habilitado exemplo neste sentido. Após o Fla-Flu pela Taça Guanabara, o português foi chamado de arrogante por muitos dos mais influentes comentaristas esportivos do país ao falar a verdade, sem rodeios. “São nossos primeiros jogos. É considerado pré-temporada um campeonato que para o nosso adversário era muito importante chegar à final, ganhar um título carioca. Só que estamos em outro patamar, nossos títulos são outros”, afirmou o técnico rubro-negro.

Não vi desrespeito. Jesus levou os titulares para campo e ganhou na bola. Respeitou o Fluminense como deve ser – jogando o futebol necessário para derrotar o Tricolor. Que o chamem de arrogante. Mas quem dera o esforço dos dirigentes e até jornalistas em polemizar a verdade fosse voltado aos estudos das ideias implementadas no Flamengo e na busca por aproximação do nível de conhecimento do rubro-negro. E sei que o português seguirá “arrogante” – dizendo a verdade. Pode ser difícil digerir, mas estamos em 2020 e os rivais cariocas insistem em fórmulas do século passado em diversos pontos.

Conforme O Globo, o Flamengo intensifica, nesta semana, a negociação pela permanência do técnico até o final de 2021 – JJ tem vínculo com o clube encerrado em maio. “O técnico já indicou que o que o seduz é o projeto esportivo, de ganhar tudo novamente em 2020, e ainda conquistar o Mundial de Clubes.” Outra arrogância?

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