Covardia corintiana ou méritos santistas?


Por Bruno Kaehler

09/04/2019 às 20h17

De um lado, uma ideia propositiva de Sampaoli de controle do jogo com a posse de bola. Do outro, o reativo Corinthians de Carille, já muito conhecido e vitorioso nas últimas temporadas, com a vantagem do empate pelo 2 a 1 aplicado sobre o Peixe na partida de ida. O debate após o clássico da semifinal do Paulistão já era certo antes de a bola rolar pelo embate de padrões distintos de jogo. Imagine com os números a seguir.

Segundo levantamento da footstats, o Santos possuiu 68% da posse de bola com 473 passes certos (90,44% de aproveitamento). O Corinthians trocou apenas 126 passes certos (75,9% de sucesso). Mesmo assim, o time de Sampaoli errou apenas dez passes a mais que o de Carille – 50 contra 40 equívocos. Enquanto o Alvinegro praiano anotou 25 finalizações – 11 ao gol, o Timão obteve três, sem nenhuma defesa de Vanderlei. As estatísticas comprovam a superioridade santista.

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Posicionamento santista no segundo tempo manteve pressão alta e jogadas pelas pontas

Me incomoda, contudo, ler que o Corinthians teria sido covarde. Entendo a insatisfação do torcedor. Mas digo por análises de profissionais. Houve, sim, erro na estratégia de Carille, que optou, diferentemente de partidas anteriores, por marcação baixa ao invés de pressionar a saída de bola rival. Mas o ponto fundamental em minha crítica é defendido pelo próprio comandante corintiano, ao expor extremo desagrado com o rendimento da equipe. Carille não queria este roteiro. Foi superado pela estratégia de Sampaoli, que amassou o adversário durante os 90 minutos.

Os dois zagueiros santistas, sustentados por ótima partida do volante Alisson, buscavam Pituca e Victor Ferraz pelo centro – e não em posicionamento tradicional de laterais, ou os meias, que flutuavam entrelinhas para otimizar a construção que buscava o um contra um dos extremos Soteldo e Derlis González (Rodrygo na segunda etapa). Em cruzamento de Victor Ferraz, como um meia, a bola foi até a cabeça de Gustavo Henrique no gol que definiu a ida aos pênaltis.

O Corinthians foi envolvido. Era obrigado a se livrar da bola diante de pressão no campo de defesa. Não fosse Cássio, a diferença no placar seria maior. Nos pênaltis, maior competência do Timão. Mas fica a reflexão: covardia corintiana ou méritos santistas?

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