Você já é de ouro, Bia!


Por Bruno Kaehler

04/08/2021 às 07h00

Beatriz Ferreira é medalhista olímpica! Acordei às 4h58, precisamente, e sabia que não me arrependeria, independentemente do resultado. Pelos objetivos traçados, Bia se entrega como demanda a atleta de elite que é, como quem sabe que os sonhos são realizados e não apenas idealizados. E dessa maneira ela está na semifinal, com pelo menos o bronze assegurado em mais um resultado histórico da já campeã mundial, pan-americana e de tantas outras competições ao longo dos últimos anos.

E não é só na cabeça da baiana radicada em Juiz de Fora que passa um filme na cabeça. Na minha, a cada vitória nesta Olimpíada, também. Me lembro como se fosse ontem. Mas era 2017, nem tanto tempo atrás. Ao lado do fotojornalista Leonardo Costa, fomos até uma academia na Rua Santo Antônio, no Centro, conversar com Beatriz Ferreira, à época com 24 anos e muitos sonhos de uma boxeadora que começava a se destacar no cenário internacional, mas que era, revoltantemente, como 99% dos atletas em JF, pouquíssimo apoiada.

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(Foto: Leo Costa)

Buscava, com o incentivo infinito do pai/treinador Sergipe – um apaixonado pela nobre arte, como poucos que vi -, um suporte de empresários para que pudesse se dedicar exclusivamente ao que fazia de melhor: lutar boxe e representar a Bahia, o Brasil e, porque não, Juiz de Fora nos ringues.

Passou, com o tempo, a treinar em São Paulo, integrando a seleção brasileira. Por necessidade em mais de um aspecto. “Sempre treino em casa porque tem meu pai que me conhece muito bem e sabe o que precisa explorar no meu boxe. Mas agora sirvo à seleção, e eles possuem fisioterapeuta, tudo que aqui (em JF) eu tenho que pagar”, me contava Bia, ainda em 2017.

Mas pai e filha tinham uma certeza: que nocauteariam as dificuldades e chegariam a Tóquio. “Na minha experiência, acho que ela vai bem longe, mas tudo depende de sorte e patrocínio. Ela está com uma perna na seleção, mas mesmo assim precisa de apoio. É promessa de medalha para 2020”, já projetava Sergipe, bicampeão nacional.

Minha primeira entrevista com Bia foi publicada em julho de 2017, há praticamente quatro anos cravados. No título, “Boxeadora Beatriz Ferreira vai em busca de uma vaga na Olimpíada de Tóquio.” Relembro e reitero isso por dois motivos principais. O primeiro e mais importante é a prova de que vale a pena acreditar no esporte, em Bias, Sergipes, atletas que colecionam superações atrás de suas paixões e objetivos de todos os tamanhos.

O segundo motivo é destacar a importância do jornalismo local. Desde essa matéria foram mais de 60, 70 outras só acompanhando o ciclo olímpico de Bia. Um privilégio, por sinal. Ela sempre me atendeu com educação, assim como seu pai. Algo que veio de casa, assim como o dom no boxe e a determinação para a vida.

Conhecer de perto e poder compartilhar essa história, como nos relatos de Sergipe na entrevista para a série Tem Base!, e ver a emoção da dupla com o sonho realizado, não tem preço.

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Que Bia inspire meninas e meninos de Juiz de Fora, da Bahia, do Brasil inteiro, como é exemplo até mesmo àquele que, humildemente, busca registrar, em palavras, alguns dos feitos de uma guerreira de luvas.

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