A emoção pegou a estrada
Eu sempre estive aqui, acreditando. Desde a última quarta, entretanto, estou dividido. A razão ficou no mesmo lugar, dedicada à labuta, em frente ao computador. Por outro lado, a emoção pegou a estrada. Saiu em carreata, escoltando o ônibus que levava o velho sonho. Não voltou mais. Da varanda do jornal, olhei imóvel a passionalidade ir se afastando. Racionalmente, falei comigo mesmo: “ah, ela vai seguir esses loucos até a saída da cidade e volta”.
Ledo engano. O sentimento deu seu grito do Ipiranga. Foi além do Salvaterra. Correu mais de cem quilômetros até o Rio de Janeiro. De lá, clandestinamente, embarcou em um avião com destino a Belém, no mesmo voo que levou o Tupi para o primeiro jogo decisivo contra o Paysandu. Enquanto a emoção faz seus sassaricos lá no Pará – refastelando-se entre carurus, tacacás e patos no tucupi -, a razão ficou por aqui.
Solitária, conversava com o único sentimento que ficou para trás: a ansiedade. O papo corria atravancado. “Já chegou o sábado?”, perguntava o lado ansioso. “Não!”, respondia a razão. Definitivamente, não formavam uma boa dupla. A coisa estava insustentável quando tocou o telefone. Chamada a cobrar. Lá do Pará, eufórica, a emoção gritou meia dúzia de “vamosubirgalô!”. Desligou antes de qualquer resposta, enquanto o som de uma risada louca se distanciava.
Do lado de cá, fiquei racionalmente estarrecido. Todavia, a razão resignada fez de muleta a certeza de que o dia 25 irá chegar. Apesar de ter que superar a eternidade de oito dias, ela também poderá dar seu grito do Ipiranga e ser só emoção para apoiar o Tupi no Municipal. Aí, amigo, não estarei mais dividido, mas, sim, unido a outros tantos loucos no sonho de ver o Carijó conquistar uma vaga na Série B do Campeonato Brasileiro.