Triste oportunismo
A debandada de patrocinadores do Boa Esporte após a contratação do goleiro Bruno se justifica. Nenhum empresário em sã consciência gostaria de aliar a sua marca ao jogador. Não preciso me ater a detalhes. O histórico macabro fala por si só. Discuti bastante o assunto ao longo da semana, e confesso que me vi em uma certa “encruzilhada”.
Sempre defendi a ressocialização de apenados após o cumprimento de suas penas. Sempre entendi que a reinserção é esforço genuíno para evitar casos de reincidência e combater a recorrência de atos criminosos. Sempre considerei humano dar uma segunda chance. Mas, infelizmente, é difícil encaixar Bruno em tal cenário.
Afinal, ele não cumpriu sua sentença e está solto com aval da burocracia judiciária nossa de cada dia. O caso em que se envolveu é macabro demais para que se valha da fama para furar a fila do pão e garantir um contrato para disputar a Série B do Brasileirão. É óbvio ululante que não se trata, neste caso, de ressocialização, reinserção ou mesmo de ambições no campo desportivo, mas de uma estratégia de marketing tétrica.
Faço aqui um mea culpa. Se o Boa quer capitalizar com a contratação de Bruno é pelo fato de a mídia sempre tentar lucrar com factoides sobre o jogador e parte da população se manter curiosa por sangue e sanguinários. Além de Justiça e de reinserção quando e se cumprir sua pena, o goleiro merece o ostracismo.