Marcha a ré
Volto a ocupar este espaço após um período de folga um pouco mais rejuvenescido. As férias foram recompensadoras, mesmo cometendo a “bobagem” de assistir a dois jogos do Brasil na Copa América das arquibancadas do Estádio Monumental de Santiago. Tão grande quanto a sensação de retornar renovado após uma viagem com amigos é a sensação de que o futebol brasileiro permanece estagnado. Ou pior: parece ter engatado a marcha a ré. A goleada para a Alemanha completou um ano na última quarta-feira, e a Pátria dos 7 a 1 segue sob o comando das mesmas cabeças jurássicas. Nada mudou desde que os gols de Müller, Klose, Kroos (2), Khedira e Schürrle (2) entraram no modo looping da eternidade.
Apesar da indignação, não me surpreende ver o nosso futebol nas mãos de interesses escusos. Nunca foi diferente disso. O que me assombra é que a picaretagem também aflige outras modalidades – vide a CBV, por exemplo. A última pedrada no bom senso veio do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Diante de um desabafo da nadadora Joanna Maranhão, que utilizou de um perfil pessoal na internet para expressar sua opinião contrária à redução da maioridade penal (tratada e manobrada como moeda política no Congresso), o COB achou uma solução “inteligente” para evitar novas “polêmicas”: orientou os atletas brasileiros a guardarem suas posições “para si” durante o Pan-Americano de Toronto.
Censura velada, é mole? Ao que parece, os dirigentes não se contentam em fazer de idiotas os torcedores e sonham em ter atletas imbecis e alienados, mais afeitos a dólares, selfies e cortes de cabelo modernosos. Pelo andar para trás da carruagem, daqui a pouco irei precisar de mais um período de férias para deixar a indignação de lado e dar um refresco ao juízo. Está difícil ser fã de esporte no país do (um) sete a um.