A página 10
Admito que desde o tempo de garoto tenho a mania de começar a ler o jornal pela última página. Pode ser vício, força do hábito ou até, quem sabe, uma preferência pela área de esportes. Aqui, pelo menos em forma de letras no papel, divido sonhos e me identifico com os personagens, como os da matéria do amigo Gustavo Penna, com o título de “Juventude exportação”, que estampa a página hoje. Nela, o companheiro jornalista conta a história do quinteto de jovens – Lucas, Júnior, Julerson, Marquinhos e Arthur – que sonham um dia em aparecer com destaque nas páginas 10 dos jornais pelo mundo.
Já na semana passada, em outra matéria com outro jovem promissor do futebol, Gustavo captou com sensibilidade as palavras do garoto Igor Rossignoli: “Ser jogador de futebol é o sonho de qualquer garoto. Caso não dê certo, ainda serei muito novo para decidir a vida. Se for para estudar, eu continuo em um ou dois anos. Tenho que treinar com vontade sempre. Buscar progredir cada vez mais.” O que impressiona na fala do guri que vai para o Criciúma são os dois últimos períodos. Nela, figura bem a disciplina e a vontade de aprender que só o esporte ensina. O cair, levantar e o recomeçar, a preparação para a vitória e também para a derrota caso tudo dê errado estão claros na cabeça do jovem de 17 anos.
Reportagens como esta, que figuram na página 10, mostram que, quando as sementes são plantadas, os frutos nascem e os talentos aparecem da mesma forma que desaparecem as matérias sobre jovens infratores da página 4. Se o atleta não vingou, pelo menos formou-se um cidadão que sabe o que é hierarquia, concentração, determinação e respeito ao seu grupo de convívio. Me desculpem os mestres das teorias da comunicação, mas tenho para mim que o esporte aparece por último no jornal para apresentar soluções para os problemas mostrados nas páginas anteriores. Que os personagens da página 2 acordem para isso.