Já é hora de pensar no bacalhau para o feriado

Aprenda receitas diferentes com o ingrediente tradicional da Páscoa


Por Júlia Pessôa

03/03/2018 às 07h00

Não tem jeito. O carnaval acaba, e a gente fica logo pensando no próximo feriadão, no caso, a Semana Santa, que é cercado de ritos e tradições, até mesmo por quem não tem fé católica. Um dos ingredientes que reina durante os dias santos é o bacalhau, sobretudo no almoção de Páscoa. Existem diversas maneiras de preparo do pescado, algumas clássicas e famosíssimas: à Gomes de Sá, à Zé do Pipo, com natas, bacalhoada, e muitas outras combinações. Para você ir se preparando e ter opções às receitas tradicionais, convidamos dois chefs da cidade para ensinar receitas em que o bacalhau ainda reina, mas em preparos repaginados – e igualmente deliciosos.

Ricardo Vieira, chef do Restaurante Vieiras, sugeriu um nhoque de bacalhau com molho de tomate pelado e queijo boursin de cabra. “É muito simples, saborosa e um preparo bem diferente, além de ser uma receita de família”, explica ele. O resultado é uma massa leve com a personalidade do paladar do bacalhau, porém em uma versão muito mais suave do que as que estamos acostumados. O boursin, de textura suave e macia, também traz leveza e equilíbrio ao prato, já que o tomate pelado, apresentado em um molho rústico, é carregado de sabor. “Além disso, é uma receita muito mais em conta do que outras que levam bacalhau”, acrescenta Ricardo.

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Já Rafael Queiroz, chef do São Bartolomeu, sugere um risoto de bacalhau com tapenade (uma espécie de patê) de azeitonas negras, destacando alguns cuidados durante o preparo. “Um dia antes, deixe o bacalhau em um recipiente com água e troque pelo menos três vezes para dessalgar. Outra coisa, o bacalhau tem que ser o saithe, pois é melhor para recheios em geral, enquanto o lombo de bacalhau (gadus mohua), também conhecido como ‘bacalhau original’, é mais utilizado em outros pratos”, destaca. Outro detalhe importante é mexer o risoto com colher sem parar.” Por dois motivos: primeiro para que o grão possa liberar amido durante o preparo, deixando assim o risoto com mais cremosidade, e, segundo, para que não grude no fundo da panela”, explica.

Em para quem não aguentar esperar a Semana Santa chegar, vale a dica: os dois pratos são ótimas pedidas de uma refeição quentinha, saborosa e “aconchegante” para estes dias de verão bem juiz-foranos em que chove, e as temperaturas caem. Satisfação garantida (palavra de quem provou ambos).

Nhoque de bacalhau e bursin de cabra
por Ricardo Vieira

Ingredientes

Massa

500g de batata cozida e amassada para purê (bem sequinha)
1 ovo inteiro
800g de farinha
1 colher (sopa) manteiga
2 colheres (sopa) de salsinha
60g de queijo parmesão
Raspas de meio limão siciliano
500g de bacalhau dessalgado e desfiado (que também deve estar sequinho)

Dica
Reserve farinha para enrolar os nhoques e uma panela com água fervendo e queijo parmesão para finalizar a gosto.

Molho
2 latas de tomate pelati
1 cebola pequena picada
3 dentes de alho
8 folhas de manjericão picado
3 colheres de sopa de azeite
Sal a gosto

Bolinhas de boursin
200g de bursin de cabra
2 ramos de tomilho
Sal e pimenta do reino
1 colher de sopa de azeite

Modo de preparo
Junte a batata, o queijo, o ovo, a salsa, as raspas do limão, a manteiga, a farinha até dar uma consistência de nhoque e uma textura uniforme. Por último, adicione o bacalhau aos poucos. Polvilhe uma mesa com farinha e enrole os nhoques como preferir, em bolinhas ou rolinhos pequenos. Depois, jogue na água fervendo com cuidado. Assim que subir, retire. Reserve. Para o molho, coloque o azeite na panela, refogue a cebola, o alho e adicione os tomates já amassados grosseiramente. Deixe cozinhar por 15 minutos, tempere com sal e finalize com o manjericão. Reserve. Para as bolinhas de boursin, apenas misture todos os ingredientes e faça bolinhas. Coloque numa travessa os nhoques, jogue por cima o molho, disponha as bolinhas de boursin e por último polvilhe o parmesão ralado, levando ao forno para aquecer se preferir.

 

Risoto de bacalhau com tapenade de azeitonas negras

por Rafael Queiroz

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Ingredientes
1 xícara de arroz arbóreo (aprox. 120g)
1 colher (sopa) de manteiga com sal (aprox. 50g) + 1 colher (sopa) de manteiga para finalizar
½ cebola branca picada em cubinhos
¾ xícara de vinho branco seco (aprox. 100ml)
1 colher rasa (café) de Hondashi (tempero de peixe) (aprox. 3g)
1,5 litro de água
100g de queijo parmesão ralado
200g de bacalhau saithe desfiado e dessalgado
3 folhas de louro
100g de azeitonas negras sem caroço
3 colheres (sopa) de azeite virgem (aprox. 70ml)

Modo de preparo

Triture as azeitonas negras em um processador e reserve em um recipiente com o azeite extra virgem. Em uma panela, coloque uma colher de manteiga e a cebola picada no fogo alto. Quando a cebola começar a murchar, adicione o arroz arbóreo e refogue por alguns minutos. Acrescente o vinho branco seco e misture sempre para não grudar no fundo. Assim que o vinho evaporar, adicione aos poucos, com o auxílio de uma concha grande, a água. Conforme for evaporando, vá adicionando mais água. Repita este processo três vezes.

Adicione o bacalhau, mais uma concha de água, e mais uma colher (café) rasa de tempero de peixe hondashi, mexendo sempre o risoto. A partir deste ponto, vá acrescentando a água de acordo com o seu gosto para a textura do grão, seja al dente ou macio. Assim que o grão atingir o cozimento desejado, deixe o caldo secar um pouco, mas mantendo o risoto molhadinho. Desligue o fogo e junte uma colher de manteiga e o queijo ralado. Misture bem até que o risoto fique bem cremoso. Sirva quente e disponha o tapenade por cima.

Dica
Se o tempero de peixe hondashi não estiver disponível no mercado, pode-se utilizar caldo de legumes (cozinhe chuchu, cenoura, tomate, alho-poró, salsão, alho e cebola, picados grosseiramente, durante 40 minutos em dois litros de água, e depois coe). Substitua sempre este esse caldo de legumes na receita onde se lê água.

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