Sétimo dia: Vargem Grande – Itatiaia
No sétimo dia da Caminhada da Fé, os romeiros se despediram das estradas de terra e chegaram à Via Presidente Dutra
Nesta terça-feira (23), nos despedimos da tranquilidade da Zona Rural e chegamos a uma das rodovias mais importantes do país, a Via Presidente Dutra. Saímos de Vargem Grande, distrito de Resende, às 4h, e seguimos por 17 quilômetros pela RJ 161. Entramos na Via Dutra na altura da Academia Militar das Agulhas Negras e seguimos pelo acostamento até o município de Itatiaia por mais 13 quilômetros.
No trajeto pela estrada estadual, passamos pelo Bairro Cabral, em Resende, e, mais uma vez, como tem sido comum nessa peregrinação, fomos generosamente acolhidos por quem mora no caminho. Ao saber da passagem dos romeiros, Adriano e Ana, proprietários de uma mercearia, providenciaram café fresco e biscoito de polvilho. Um agrado que fortalece quem ainda tem um longo caminho pela frente.
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Já na Dutra, poses para fotos em frente à Academia Militar. Afinal, não é todo dia que passamos a pé pela famosa escola que forma oficiais. Na ampla calçada em frente, o grupo em que eu estava curtia o trecho residencial da rodovia, temida por muitos devido à intensidade do trânsito. Algumas quadras depois, avistamos o coronel do Exército Ronaldo Pécora, 75 anos, nosso colega de caminhada, sinalizando para que entrássemos em uma das casas.
Era mais uma das surpresas do caminho. Isabela, 35, uma das filhas do coronel e moradora da vila, abriu as portas de sua residência para recepcionar os peregrinos. Mais uma mesa generosa oferecida por quem admira a determinação dos devotos e mais uma demonstração de afeto da família do coronel, que, na Caminhada da Fé, conta com a companhia (e o carinho) do filho Diogo, 38, major do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. “Aproveitando essa oportunidade para estreitar essa amizade, essa união”, diz o filho sobre ter o pai como parceiro de fé. Parceria presente também entre irmãos, o militar Jair Teixeira, 57, e a cabeleireira Maria Luiza Gravina, 56. “Aí que bênção! Agarrei nela!”, diz o PM reformado.
A fé também une na estrada o aposentado Rogério Toledo, 52, e a esposa Nelma Toledo, 48, que estão na segunda caminhada. Pais de Carolina e Rafaela, os dois caminham sempre lado a lado, muitas vezes de mãos dadas. E se a companheira não veio, o jeito é matar a saudade pelo celular. Logo que o dia amanheceu, José Fabri Neto, 63, aproveitou a volta do sinal da operadora (raridade até então) perto da Dutra para ligar para esposa. “Tô aqui falando com a repórter”, disse ele, quando a ligação foi atendida. Bom ouvir a voz de quem se ama, não é Fabri?
Mas aqui, entre os peregrinos que até então não se conheciam, também se encontra amor. Dona Cleria Pimenta da Costa, 63, sabe disso. O tênis apertava o pé, e ela não poderia mais caminhar. De repente, eis que cruzo com dona Cleria na estrada. “A senhora hoje estava queixando muita dor?”, pergunto. “Sim, mas uma amiga me emprestou a sandália.” Tá certo, dona Cleria, boa caminhada!
Tópicos: fé na estrada