Lua de Sangue

Os fenômenos astronômicos são espetáculos gratuitos, que vez ou outra são visíveis para todos, como é o caso do último eclipse lunar registrado no último fim de semana. Ao passo que encanta, também faz pensar na pequenez da vida na Terra em comparação ao que ainda desconhecemos sobre o Espaço


Por Renan Ribeiro

20/05/2022 às 07h00

Fiquei acordado para esperar o espetáculo astronômico acontecer. Embora tivesse compromisso no dia seguinte, esse é o tipo de coisa que eu não gosto de perder a oportunidade de testemunhar. Pela forma como o dia seguiu, até cheguei a pensar que as nuvens fossem esconder a lua. Mas na hora que começou, tudo pareceu conspirar a favor. Estava frio, mas o céu estava limpo, em perfeitas condições para a observação de qualquer ponto do Brasil.

Sem distinção, de qualquer ponto do país, foi possível acompanhar todas as fases do fenômeno, que pode ser visto por cerca de 3 horas. Quando o relógio marcava 00h28, a lua já estava praticamente toda encoberta. Os eclipses dessa natureza, conforme explicaram vários astrônomos, são chamados de totais. O Sol ilumina a Terra e, na face oposta, projeta duas áreas de sombra: a penumbra, em que recebe alguns pontos de luminosidade; e a umbra, onde fica a área mais escura, sem luminosidade.

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Nesse evento, especificamente, a Terra fica entre o Sol e a Lua, de modo que ela mergulha na umbra e aparece avermelhada no céu. Pouco a pouco, a sombra vai avançando, passando pela fase penumbral, indo até a umbra, retornando à penumbra e, por fim, volta a brilhar em sua fase cheia, no alto do céu. Quem perdeu o evento só terá a oportunidade de assistir a outro daqui a sete anos.

De certa forma, olhar para o céu, com ou sem eclipses ocorrendo, é um bom exercício. Faz entendermos o tamanho e a complexidade das coisas e traz uma série de perguntas na sequência. Ajuda a perceber o quanto somos pequenos diante da infinidade de coisas. Sempre fico um tanto quanto boquiaberto com a forma como esses grandes eventos se dão.

Dia desses fiquei sabendo sobre um buraco negro que existe no centro da Via Láctea e, embora seja um devorador voraz de matéria, é chamado de “Gigante Gentil”. A partir das imagens que cientistas revelaram na última semana do Sagitário A*, como foi identificado o buraco negro, foi divulgado que ele tem massa estimada em 4 milhões de vezes a massa do nosso Sol. Tem como não ficar impressionado com uma informação como essa?

As informações e as imagens divulgadas sobre todas essas coisas são, de fato, um estímulo para a imaginação. Uma maneira de lembrarmos de que há uma imensidão de coisas que não sabemos, que ainda há um Universo de coisas para pensar, admirar e descobrir. Não é à toa que vira e mexe vemos um filme ou uma série de ficção que se dedica a imaginar algo relacionado ao desconhecido, que habita esse campo de possibilidades.

Recentemente, o governo dos Estados Unidos admitiu o registro de objetos aéreos não identificados pela Marinha, algo que não costuma ocorrer com tanta frequência. Independente de ser ou não uma questão de segurança nacional, ou até mesmo da discussão sobre vida extraterrestre, é estranho observar que já existem pessoas preocupadas em saber se há água e possibilidade de haver vida em outros planetas. Como se já estivéssemos completamente condenados e até mesmo com a intenção de colonizar outros espaços. Não duvido que possa ocorrer, mas prefiro reconhecer a minha pequenez diante dos astros e contemplar com respeito. Alimentar a imaginação e os olhos, enquanto os pés permanecem firmes no contato com o chão.

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