Mulheres no comando
A Sra. Guiducci tem uma interessante teoria. Para ela, o que resta de ordem e beleza no mundo é obra e graça das mulheres. Tivessem sucumbido à truculência dos homens, o planeta seria uma grande borracharia de beira de estrada nos cafundós do Brasil.
– Mulheres e homens gays -, sublinha a Sra. Guiducci, e não tenho como discordar.
Senão vejamos o trabalho de Jacinda Ardern na Nova Zelândia, o de Angela Merkel na Alemanha. Quantas vezes não desejamos nos últimos meses viver num país que fosse governado por essas duas mulheres? Mas aqui estamos reféns da truculência masculina em sua versão mais tosca e letal.
O ano vira em dois dias. Eu estarei sob as cobertas assistindo a algum filme velho, fugindo como sempre do deprimente auê dos fogos e das pessoas vestidas de branco. Desta feita, entretanto, além da fumaça de pólvora, haverá no ar uma expectativa animadora, que possamos talvez nos atrever a chamar de esperança.
Pela primeira vez, Juiz de Fora será governada por uma mulher. E não só isso: a prefeita Margarida Salomão terá consigo um secretariado paritário, com as funções divididas igualmente entre homens e mulheres. Nunca houve tantas mulheres em cargos de comando no Município.
Isso por si só é animador. Mas tem mais. Em seus movimentos iniciais, a primeira prefeita de Juiz de Fora, antes ainda de assumir, travou contato com adversários históricos de seu partido, sugerindo um caminho de diálogo, de entendimento, de união de esforços de todos que possam colaborar para o desenvolvimento da cidade.
Não esperamos, prefeita, que a senhora tape todos os buracos do município em um ano, aqueles que vemos e os que não podemos ver. Nem que o tráfego seja menos indiano e mais suíço. Que cheguemos ao fim de 2021 sem nenhuma criança fora da escola, sem nenhum juiz-forano desempregado, sem mendigos sob as marquises.
Mas que esse estado de coisas seja perseguido com a mesma tenacidade com que a senhora buscou o cargo que enfim assumirá. E, sobretudo, como sugerem seus primeiros passos, que consiga unir as pessoas. Que, mantida a essencial diversidade de pensamento, no novo ano possamos todos nos medir pelo que temos em comum, e não somente pelo peso de nossas discordâncias.
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