Domingos


Por Wendell Guiducci

07/11/2017 às 07h10

O domingo é esse paradoxo.
É uma coisa e são duas ao mesmo tempo.
O domingo é esse acordar sem hora e esse medo de dar a hora de dormir.
De esvaziar a cabeça no início da manhã e enchê-la de ansiedade ao cair da tarde.
De curtir a ressaca de sábado e ruminar a inexorabilidade da segunda.
Domingo é o requintado do almoço e o requentado do jantar, diz um poeta caolho à porta do armazém.
É cerveja gelada.
Macarronada.
Frango assado.
Maionese.
Família.
A Coca-Cola borbulhante ao meio-dia e xaropenta à meia-noite.
Direto da garrafa.
Domingo é futebol e depois a semana a morder a própria cauda.
Ah, tanta gente que, se pudesse, serraria o domingo ao meio…
Mas, diferente da moça do circo, o domingo não vive sem qualquer uma de suas metades.
A de cima ou a de baixo.
Só funciona inteiro, com seus sabores e dissabores.
Um domingo não se vive pela metade.
Como a vida.
Então o abracemos como ele é.
Porque o domingo é preguiçoso
mas passa
depressa.

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