A inclusão escolar e o TDAH: caminhos possíveis

É bastante frequente a matrícula de alunos com TDAH nas escolas. Entretanto, se observa que muitas instituições de ensino ainda têm dificuldades para entender esses alunos e, consequentemente, para incluí-los. Quais caminhos são possíveis?


Por Cristina Coronha

16/01/2018 às 07h21- Atualizada 16/01/2018 às 07h23

Este artigo foi escrito por uma especialista em inclusão, Sandra Lia de Oliveira Neves, mestranda em educação pela UFJF, psicopedagoga, neuropsicopedagoga e graduada em letras.

A construção de uma escola inclusiva requer muita dedicação, criatividade e vontade para mudar. Transformar o sistema educacional num sistema direcionado para todo e qualquer público que se fizer presente é uma realidade nova, que chega pedindo mudanças e, para tal, nos remete a um intenso trabalho de transformação profissional e muita das vezes até íntima.

Quando o professor sente-se despreparado para lidar com alunos com necessidades educacionais específicas, é natural que sinta insegurança, aflição e a sensação de incapacidade para agir, por isso, é importante que o corpo docente esteja amparado por toda equipe pedagógica e pelos profissionais especializados para que possam se sentir seguros e ter condições de adquirir conhecimentos que vão lhes capacitar para essa nova realidade da educação.

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É bastante frequente a matrícula de alunos com TDAH nas escolas regulares. Entretanto, se observa que muitas instituições de ensino ainda têm dificuldades para entender esses alunos e, consequentemente, criam-se obstáculos para incluí-los.

O TDAH é definido pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção como sendo um “transtorno neurobiológico de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a vida”. Embora ele acompanhe a pessoa por toda sua vida, a inquietude pode abrandar com o passar do tempo.

Para auxiliar as escolas diversas instituições, organizações, órgãos públicos e privados têm investido na divulgação de guias, livros e cartilhas com o objetivo de ajudar os profissionais da educação, em especial o professor, na construção de uma relação amigável e produtiva com os alunos com TDAH.

Alunos que possuem TDAH podem ter dificuldades de aprendizagem, pois o TDAH, geralmente, está associado a outros transtornos como a dislexia e a disgrafia, que criam maiores obstáculos na aprendizagem. Por isso, é importante que os alunos com TDAH tenham acompanhamento pedagógico e avaliações e atividades diferenciadas no decorrer do ano letivo e que possam usufruir do atendimento educacional especializado para amenizar as barreiras que comprometem o bom desempenho escolar.

Para melhorar a atenção e a agitação dos alunos com TDAH em sala de aula é relevante atentar para alguns procedimentos que auxiliam no desempenho escolar. São eles:

  • Todos os professores devem ser comunicados e informados acerca dos alunos com TDAH.
  • Colocar o aluno sentando próximo do professor.
  • O aluno deve deixar sobre sua carteira apenas o material que for usado durante a aula.
  • Dar as explicações sobre o assunto da aula colocando-se mais próximo do aluno.
  • Utilizar estímulos audiovisuais ou sensoriais.
  • Procurar manter a organização da sala.
  • Criar um local para registrar as tarefas e lembretes.
  • Valorizar as conquistas do aluno.
  • Proporcionar ao aluno um breve intervalo entre as tarefas.
  • Possibilitar maior movimentação durante a aula (saída para beber água, usar o banheiro).
  • Feitura das provas em local reservado.
  • Tempo complementar (adicional) para realizar as provas.
  • Ajudar na criação de uma rotina (pré-estabelecida).
  • Manter sempre contato visual com o aluno.
  • Combinar sinais de comunicação com o aluno sobre os comportamentos esperados.
  • Valorizar outras formas de avaliação: trabalhos, participação em aula, exposição oral.
  • Manter um canal de comunicação com os pais.

Os professores encontram muitos obstáculos para a prática inclusiva diante do tradicionalismo cultural de salas de aula. Na escola tradicional é comum o professor viver no isolamento, já na escola inclusiva a cooperação entre eles é essencial para o sucesso do projeto pedagógico e para a interação de todos. É preciso buscar novas alternativas para a construção de uma educação digna e justa. Adquirir habilidades que permitam edificar relações sociais felizes e que promovam o sucesso da aprendizagem é adquirir capacitação para pensar, falar e agir diante de um contexto social amplo e complexo.

Assim como o TDAH também há diversos outros transtornos e deficiências que devem ser vistos com respeito e seriedade para que o princípio da educação para todos possa prevalecer dentro do sistema educacional e da sociedade.

Uma escola inclusiva valoriza e oportuniza a todos o direito de desenvolver suas habilidades e seus talentos. Ela procura atender todas as necessidades educacionais oriundas da diversidade que existe dentro da instituição e deve basear-se no respeito mútuo. Nela a aprendizagem conjunta precisa ser preservada, a autoconfiança desenvolvida e as responsabilidades compartilhadas.

 

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