Precisamos falar sobre moda sustentável e moda consciente
Você sabe a diferença entre consumo sustentável e consumo consciente? Nós explicamos como ajudar o planeta e aproveitar melhor as suas peças de roupas.
Nos últimos anos estamos vendo um consumo desenfreado de moda, principalmente aqui no Brasil. Com as lojas de fast-fashion, as de fábrica e os outlets, todo mundo passou a comprar novas peças mesmo sem ter a real necessidade delas.
Como a moda ficou democraticamente mais acessível do que antes, as peças passaram a ser consumidas mesmo quando não temos um motivo para fazer a compra. Quem não passou por uma loja um pouco triste e comprou uma roupa para se animar que atire a primeira pedra, não é mesmo?
Não existe problema em querer comprar presentes para você. O problema é quando essa compra é feita sem pensar minimamente no real valor que aquele item vai ter na sua vida. Hoje se compra 60% mais roupas do que comprávamos há 15 anos, segundo a McKinsey & Company. E isso reflete dois problemas graves: nossa falta de preocupação com moda sustentável e com moda consciente.
Embora muitas pessoas confundam ou achem que sustentabilidade e consumo consciente são a mesma coisa, não são. A moda é a segunda indústria mais poluente do mundo e apenas 20% dos resíduos da indústria são reutilizados ou reaproveitados. A moda sustentável se preocupa com a preservação ambiental durante as etapas de produção da roupa, sua manutenção e seu descarte, por exemplo.
O consumo de moda sustentável é baseado em reduzir os poluentes usados na fabricação das peças, procurar recursos que garantam a durabilidade de uma peça sem retirar matéria-prima da natureza, reduzir o desperdício de tecidos e água da indústria têxtil e usar a criatividade com os corantes naturais, por exemplo.
Já a moda consciente vai além disso. Ela reforça todos os pontos levantados pela moda sustentável e destaca que, além da preservação ambiental, existe uma responsabilidade em comprar novas peças com o armário cheio. Para a moda consciente, toda compra deve considerar os aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Indo além da pergunta “eu preciso disso?”, a moda consciente questiona “por que será que essa peça é tão barata?”, “por quanto tempo esse tecido sintético vai durar na natureza sendo que vou usá-lo por no máximo duas ocasiões?” e “quais são as condições de trabalho da pessoa que fez essa peça?”.
Consumir moda com sustentabilidade e consciência é um dever de todos e não é tão difícil quanto parece ser, mesmo considerando que a produção em massa deixa o acesso às peças mais democrático a muitas realidades. Criar o costume de avaliar bem o que você tem e o que você precisa antes de comprar algo novo é um excelente primeiro passo.
Para se tornar uma consumidora consciente é fácil: olhe para o seu armário e analise quais são as roupas que realmente fazem sentido para você, para a sua rotina e, claro, para o que você gosta de vestir. Nós sabemos que escolher looks é divertido, mas deixar a peça pendurada no cabide ou esquecida na gaveta é um erro fashion e sustentável imperdoável.
Comprar menos e investir em peças duráveis, consertar as roupas que foram danificadas ou que precisam de ajustes, alugar seus looks, doar, trocar ou compartilhar com as amigas e customizar as peças para as ocasiões que você precisa são ótimas soluções para criar um hábito de moda mais consciente.
Além disso, as tendências mais fortes de moda atualmente estão ligadas ao styling, ao modo como a gente usa a mesma peça de formas diferentes. Não estamos mais presas à espera das novidades a cada estação… Já reparou que aquela calça sua está sendo usada há 4 invernos? Pois é. A durabilidade e a versatilidade das peças passaram a ser critério na hora de pensar nos nossos looks.
Usar as redes sociais para buscar inspirações de como usar essa calça que você já tem e já acha super confortável não parece mais interessante que sair à procura de um novo par de calças jeans? Afinal de contas, todo o nosso consumo não é pessoal. O que a gente usa, não usa e joga fora impacta o nosso planeta e é nosso dever social nos preocupar com esse consumo a longo prazo.