A Era da “Desaprendizagem” – como a desconstrução consciente do aprendizado pode influenciar na gestão e no desenvolvimento dos negócios

O conceito de “desaprendizagem” associado ao pensamento criativo caracteriza o modelo exigido dos atuais e futuros gestores e, enquanto metáfora, pode ser entendido como um processo que permite ao indivíduo ou à empresa inovar


Por Galvão Emerick, analista do Sebrae Minas

18/09/2018 às 08h00- Atualizada 18/09/2018 às 08h27

Afirmar que o conhecimento é importante e que a nossa era se caracteriza por rápidas mudanças no modo de vida das pessoas e, consequentemente, nas empresas, pode não passar de um simples “chavão”. Mas mesmo sendo algo muito disseminado, é importante atentar para o fato de que a capacidade de gerar e absorver aprendizados é fundamental para se manter competitivo no mercado.

Em um contexto em que a velocidade das mudanças se intensifica a cada momento, boa parte dos conhecimentos e rotinas pessoais e organizacionais pode se tornar rapidamente obsoleta, sendo necessário seu descarte ou, no mínimo, sua ressignificação.

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Denominamos “desaprendizagem” o processo de ressignificação do conhecimento ou o descarte intencional de rotinas, que visa abrir espaço na mente para novas aprendizagens, a partir da mudança do mindset e da eliminação de modelos mentais que impedem aprender o novo. A “desaprendizagem” possibilita reformular conceitos e comportamentos enraizados e realizar mudanças.

O conceito de “desaprendizagem” associado ao pensamento criativo caracteriza o modelo exigido dos atuais e futuros gestores e, enquanto metáfora, o termo pode ser entendido como um processo que permite ao indivíduo ou à empresa inovar.

Com base nisso, alguns especialistas em comportamento humano e gestão organizacional afirmam que a capacidade de mudança do mindset será responsável por manter a competitividade. Alvin Toffler, estudioso, escritor e futurista afirmou que “o analfabeto deste novo milênio será aquele que não souber aprender, desaprender e reaprender novamente”.

Não se trata apenas de se adaptar, é preciso se reinventar, mudar o mindset, e a mudança nesse contexto é a inovação. É essencial desaprender velhos métodos para que se possa aprender algo novo. Sair da rotina e desapegar-se dos preconceitos.

Praticar a “desaprendizagem” é reconhecer que o velho modelo mental já não é relevante ou eficaz, e isso é um desafio, pois nem sempre se tem consciência dos modelos mentais em uso. Além disso, é muito cômodo e seguro manter a “velha e testada forma de ser”. Mas isso não basta! É preciso encontrar ou criar um novo modelo para melhor alcançar os objetivos. É preciso internalizar novos hábitos mentais.

Nesse processo, torna-se útil criar gatilhos que alertam sob qual modelo está se atuando. O uso de palavras que reflitam uma relação mais colaborativa e aberta pode ser uma boa estratégia para isso. Algumas teorias psicossociais reforçam que a mudança na linguagem ajuda a reforçar a mudança na mentalidade. É a velha máxima de que “palavra tem poder”, e o poder aqui é a mudança.

O bom de praticar a “desaprendizagem” como forma de influenciar a gestão e o desenvolvimento dos negócios é que se pode usar o cérebro para isso. Esta incrível máquina é capaz de se adaptar por meio da chamada neuroplasticidade, também conhecida por plasticidade neuronal ou maleabilidade cerebral.

Trata-se da capacidade de mudança e de reorganização dos neurônios, de acordo com alterações ambientais, experimentais, sociais, físicas e até mesmo de lesões mais graves.

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Em tempos de transformações, é necessário estar consciente dos modelos mentais e ambidestros do pensamento. É preciso substituir as fórmulas lineares e os controles hierárquicos por modelos exponenciais baseados em efeitos de rede, órbitas de marca e redes distribuídas.

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