Quando se precisa de mais esperança e menos medo
O cenário da economia brasileira atual retrata um consumidor preocupado com a sua situação econômica e do país. O recuo de 1,4% do Índice de Confiança do Consumidor, em junho deste ano, reflete a insatisfação com a situação presente e a ausência, até o momento, de sinais de reversão, lembrando que nem na crise econômica de 2008 se viu quadro semelhante.Em 2008, a baixa de confiança dos consumidores e empresários foi logo revertida; em 2015, temos o inverso. Ao passo que vemos o cenário externo se recuperar, internamente o Brasil piorou muito, somado a um sentimento de desesperança, perda de credibilidade nas políticas monetária e fiscal e ausência de um plano nacional consistente para reverter esta situação por completo.
Enquanto entre as grandes economias do mundo a confiança do consumidor teve um amplo crescimento, no Brasil, de acordo com o índice de confiança da empresa Nielsen, a percepção sobre as perspectivas futuras de trabalho diminuiu dez pontos percentuais (27%) – uma nova baixa para o país – enquanto a percepção acerca das finanças pessoais diminuiu seis pontos percentuais (60%), o segundo nível mais baixo em dez anos. O número de brasileiros que acreditava estar em uma recessão aumentou para 85%, de 73% do trimestre anterior e de 55% no mesmo período um ano atrás.
Os resultados refletem a incerteza em relação à capacidade do país de aumentar as taxas de crescimento no curto prazo, voltar aos níveis de inflação mais moderados e evitar o aumento das taxas de desemprego. Esse pessimismo recorde do consumidor deve-se, principalmente, ao aumento de tarifas públicas, à crescente inflação e ao noticiário econômico negativo recorrente. Como efeito e visando se protegerem, os consumidores brasileiros, mais rígidos quanto à renda disponível, reduzem gastos fora do lar e planejam mais suas compras, ajudando a economia a frear. A busca por vantagens financeiras, como descontos e promoções, naturalmente cresceu, havendo também redução de gastos por impulso.
Para reverter esse cenário, há que ocorrer uma melhora nas expectativas dos consumidores em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), queda no desemprego e controle da inflação.De acordo com estudos recentes feitos pela Fundação Getúlio Vargas, o consumidor tende a calibrar suas expectativas em informações passadas e não nas projeções dos especialistas econômicos. Mais do que nunca, o comportamento do consumidor deve ser levado em conta na formulação de políticas. E o resultados dessas políticas precisa aparecer logo, para que haja as reações esperadas.
Por Karina Belarmino, Renan Guimaral, Beatriz Machado, Josiele Nunes, Jailson Pires, Matheus Andrade, Gabriel Henrique Barbosa, Daniel Oliveira e Everton Barbosa – email para cmcjr.ufjf@gmail.com