Preparativos de um anfitrião ainda mais endividado

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr

12/05/2015 às 07h00 - Atualizada 13/05/2015 às 15h15

Após sediar a Copa 2014 com um custo de R$ 27,8 bilhões, o país volta as suas atenções para os preparativos de mais um megaevento esportivo, as Olimpíadas Rio-2016. Em uma conjuntura econômica desfavorável, com queda da atividade econômica e fragilidade financeira do orçamento federal, mais uma vez o interesse recai sobre os recursos despendidos para a realização dos Jogos Olímpicos, sobretudo, no desenvolvimento das áreas prioritárias de infraestrutura.

Em 28/01/2015, o Ministério dos Esportes divulgou uma nova atualização da Matriz de Responsabilidades dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016. Nessa atualização, 64% dos investimentos aparecem como responsabilidade do setor privado. Mas a parcela do setor público é relevante. No mês passado, representantes dos governos federal, estadual e municipal anunciaram que, dos 27 projetos sob sua responsabilidade, 24 estão com contratos em execução ou com obras em andamento, com custo estimado de R$ 24 bilhões (R$ 14,2 bi municipais, R$ 9,7 bi estadual e R$ 111 milhões federal). Nesse valor, a despoluição da baía de Guanabara não está prevista e atualmente está suspensa por falta de recursos do Governo estadual. Estima-se que só a inclusão da mesma no projeto custaria R$ 12 milhões.

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A prefeitura do Rio já chegou a afirmar que as Olimpíadas de Barcelona-1992 servem de modelo para a organização da Rio-2016. Os Jogos na Espanha reduziram a taxa de desemprego de 18,4% em 1986 para 9,6% em 1992. Contudo, historicamente, o endividamento público gerado por eventos deste porte é a principal herança das cidades-sede, levando, em alguma medida, à redução de outros gastos e/ou elevação dos impostos. Em 2006, no Canadá, o custo dos Jogos Olímpicos foi inicialmente estimado em US$ 310 milhões, reajustado posteriormente para US$ 1 bilhão, para encerrar em cerca de US$ 2 bilhões. Por sediar os Jogos de 2004, a Grécia viu sua dívida pública passar de 77% do PIB em 2000 para 110,33% em 2004. Considerando a atual meta de corte de R$ 80 bilhões nas despesas públicas para pagamento apenas dos juros da dívida, a preocupação é que o anfitrião brasileiro, e não somente o carioca, fique ainda mais endividado. E, pior, sem previsão de como pagar.

Por Maria Eduarda de Paula, Guilherme Silva Cardoso, Tamires Vieira Tosta e Admir A. Betarelli
email para: cmcjr.ufjf@gmail.com

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