Sondando a indústria

Por Mariana Curbani e Weslem Faria

02/10/2022 às 07h00 - Atualizada 30/09/2022 às 14h26

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do IBRE da FGV sofreu queda de 0,8 pontos em setembro. Na métrica de médias móveis trimestrais o índice recuou 0,6 pontos. Nesse mês, a confiança da indústria sofreu retração sob a influência da percepção dos empresários de queda na demanda por produtos industriais de todas as categorias de uso, exceto os produtos de consumo de bens não duráveis. Houve queda da confiança em 11 dos 19 segmentos industriais contemplados pela sondagem em questão. O Índice Situação Atual (ISA) recuou 1,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) se manteve relativamente estável.

Ao analisar a série histórica do levantamento, os atuais patamares se aproximam numericamente da situação que o país viveu há cerca de uma década atrás, no período entre 2011 e 2012. Apesar da iminente estagnação, vale destacar que estamos ainda em período de superação da retração ocorrida em 2020 causada pela pandemia de Covid-19. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria, outro indicador de interesse para compreender a situação do setor industrial no Brasil, caiu 1,4 pontos, ficando em 80,8%, mesmo patamar observado em maio de 2022. Esses indicadores podem sugerir uma situação atual negativa dos negócios, mesmo com a diminuição dos custos resultante da queda dos preços dos combustíveis e da energia.

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As expectativas não são positivas para os próximos meses quanto ao aumento da produção, que está no menor patamar desde março, possivelmente como resultado da continuidade da desaceleração da atividade econômica e das dificuldades latentes no abastecimento de alguns insumos. As expectativas se tornam menos negativas se considerado o horizonte de seis meses, mas é preciso ter cautela, pois a política monetária mais restritiva pode conter os investimentos nos próximos meses.

Apesar dos resultados dos últimos meses serem pouco animadores, o fato é que o setor responde por 22,2% do PIB e por 71,8% das exportações brasileiras de bens e serviços, e é imprescindível para compreender e fomentar expectativas para a economia brasileira. Vale destacar que os resultados industriais de julho do IBGE indicaram um pequeno crescimento do setor industrial. Portanto, as expectativas negativas podem ser revertidas dependendo do resultado das eleições, além das movimentações para os períodos de compras como Black Friday e Natal.

 

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