Estado deixa de dedicar leitos exclusivamente para Covid-19 a partir de março

Minas incorpora ao atendimento geral da rede pública os 590 leitos de UTI anteriormente dedicados à doença causada pelo coronavírus


Por Gabriel Silva e Renan Ribeiro

25/02/2022 às 19h25- Atualizada 25/02/2022 às 19h40

A partir da próxima terça-feira (1º de março), Minas Gerais deixa de ter leitos de UTI exclusivos para atendimento à Covid-19. Com isso, 590 equipamentos de terapia intensiva, que estavam sendo dedicados a pacientes infectados pelo coronavírus, serão incorporados ao atendimento geral da rede pública. A mudança foi anunciada pelo secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, nesta sexta-feira (25). Segundo ele, a medida acompanha decisão do Governo federal. A nova política foi tratada pelo titular da SES como o primeiro passo para “um novo momento” da pandemia no estado.

Segundo os números da pasta estadual, Minas Gerais passa por um momento de queda em dois dos indicadores da pandemia: números de casos e de internações. Os óbitos têm se mantido em um platô, de acordo com Fábio Baccheretti, mas a expectativa é de que haja queda nas mortes causadas pela Covid-19 a partir da próxima semana. O atual cenário, somado ao fato de que o percentual de ocupação de leitos no estado está em 29%, gera o contexto favorável à mudança na política de saúde estadual.

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Mudança foi anunciada pelo secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, nesta sexta (Foto: Fabio Marchetto/Agência Minas)

“A partir de 1º de março não existe mais leitos exclusivos de Covid no Brasil”, resume Baccheretti, dizendo que 550 leitos de UTI dedicados ao público adulto e 40 leitos pediátricos ficam como “legado da pandemia” e serão incorporados pela rede estadual de saúde. “Nós vamos para 2.620 leitos de UTI, 26% de aumento. Sempre foi um gargalo os leitos de UTI, agora nós passamos a ter uma rede mais robusta”.

A medida indica, para o secretário, a alteração no contexto da pandemia, que passa a ser tratada entre as demais doenças que afetam a população do estado. “Nós vamos poder, a partir de agora, conviver com a Covid. É uma doença que continua afetando a população, mas de maneira menos grave. Agora, é hora de virar mais uma página da história da Covid para o estado, de um atendimento exclusivo para Covid para um atendimento de todas as doenças, em que a Covid faz parte delas”, diz Fábio Baccheretti.

‘Adequação’

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Regional de Saúde de Juiz de Fora, detalhou à Tribuna que haverá um período de adequação para que os prestadores possam implementar a transição para a nova modalidade de assistência no âmbito da terapia intensiva, com a absorção desses leitos na estrutura permanente. Segundo o comunicado, a SES está em fase de preparação de uma deliberação que deverá ser publicada nos próximos dias, para regulamentar a transição e incorporação desses leitos.

Já a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (SS/PJF) reforçou que realiza constante monitoramento e avaliação dos índices, examinando de perto a situação da pandemia. Em relação aos leitos exclusivamente dedicados aos pacientes acometidos pela Covid-19, a pasta municipal esclareceu que não há alteração no momento, permanecendo os 74 leitos de UTI e os 135 leitos de enfermaria abertos. “Decisões futuras serão baseadas nas análises feitas de um período e na situação epidemiológica na qual a cidade se encontrar”.

Como fica a partir de agora

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, os hospitais deverão seguir as seguintes orientações nos casos de internação de pacientes com Covid-19 durante o período de adequação: o paciente deverá ser internado preferencialmente em leito isolado; na impossibilidade de internação em leito isolado, o hospital deve fazer a internação dos pacientes com Covid em uma mesma área, com distanciamento mínimo entre leitos de dois metros, preferencialmente com barreiras físicas separando-os dos demais leitos. Além disso, deve-se manter medidas de precaução por aerossol (uso de máscara cirúrgica e sistema de aspiração orotraqueal em sistema fechado).

Para a equipe assistencial e de apoio, as orientações são: manter os ambientes bem arejados e ventilados; manter as medidas de precaução por aerossol e por contato (uso de avental, máscara N95/PFF2, luvas, óculos protetor e gorro); manter equipe exclusiva para o atendimento e, na impossibilidade, trocar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) antes de realizar atendimento a outro paciente que não seja de Covid-19; realizar a higienização das mãos com água e sabão ou friccionar álcool gel 70% em todas as oportunidades no cuidado ao paciente; atentar para realizar a higienização das mãos sempre que tocar qualquer superfície da unidade e antes e após contato com o paciente; usar avental descartável, e quando houver pacientes com microrganismos multirresistentes, utilizar um segundo avental e descartar imediatamente antes de deixar o leito; além de implementar estratégias multidisciplinares para monitorar e melhorar a adesão dos profissionais de saúde às práticas recomendadas para precauções.

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50% do público infantil vacinado

O secretário de Estado também lembrou que Minas Gerais está se aproximando da marca de um milhão de crianças vacinadas, o que significa que mais de 50% do público infantil recebeu a primeira dose de vacina contra a Covid-19. De acordo com o titular da SES, não houve registro de efeito colateral grave em decorrência da vacinação entre as crianças. “Temos crianças que morreram da doença, mas o problema é a doença, e não a vacina. A vacina é a única maneira de nós sairmos da pandemia. Para aqueles pais que têm medo da vacina, a prova está aqui em Minas: um milhão de crianças vacinadas e não tivemos nenhum caso de efeito colateral grave”, disse Fábio Baccheretti.

Tópicos: coronavírus / vacina

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