Briga em chopada clandestina motiva homicídio no Santa Cruz

Segundo a polícia, homem executado com mais de dez tiros teria danificado carro do suposto assassino em evento


Por Sandra Zanella

21/09/2021 às 18h03

Uma briga ocorrida durante uma chopada clandestina em meio à pandemia da Covid-19 teria motivado o assassinato de Rodrigo Silva Pinto, 35 anos, executado com mais de dez tiros de pistola 9mm, no dia 26 de julho, em frente a um bar no Bairro Santa Cruz, Zona Norte de Juiz de Fora. A conclusão é da Delegacia Especializada de Homicídios, que finalizou o inquérito e divulgou as informações nesta terça-feira (21). De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Rodrigo Rolli, durante o evento, realizado na véspera do crime, a vítima teria danificado o carro de um homem, 33, investigado como executor do homicídio. Após a morte violenta, ele teria escapado em seu próprio veículo avariado para o estado de São Paulo e ainda não foi localizado.

A polícia também identificou mais dois envolvidos, que já prestaram depoimento e negaram qualquer participação no assassinato. Um deles é um homem, 26, que teria auxiliado na fuga do executor. O outro, 16, teria dado cobertura à ação criminosa. “A vítima foi executada com mais de onze tiros pelo corpo, sendo atingida em várias partes, como tórax, cabeça e face. Já no dia seguinte, nossos investigadores começaram o trabalho, e ouvimos várias testemunhas que estiveram no local, algumas delas de forma velada. Uma pessoa inclusive reconhece um dos autores, mesmo eles agindo encapuzados e com máscaras (contra a Covid)”, detalha Rolli, que também contou com o auxílio das imagens de câmeras de segurança para desvendar o crime.

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Segundo o delegado, quando dois dos investigados chegaram para praticar o crime, na Avenida Doutor Simeão e Faria, a vítima estava na porta do bar. “O adolescente fica olhando o entorno, dando proteção. E o outro atira contra a vítima, que cai ao solo. Mesmo assim, o homem continua disparando, demonstrando total culpabilidade”, conta Rolli, destacando a motivação: “uma noite antes do crime, houve uma chopada clandestina em Igrejinha, que quebrou as regras do decreto municipal contra a Covid-19, e que foi organizada pelos autores do homicídio. A vítima estaria armada na festa e foi colocada para fora depois de uma confusão. Indignada, ela danificou por completo o carro do executor, com chutes, bicudas e outras formas. Também efetuou vários disparos do lado de fora, segundo testemunhas.”

De acordo com o delegado, trocas de mensagens pelo aplicativo WhatsApp entre vítima e executor precederam o assassinato. A conversa não teria sido nada amistosa, já que Rodrigo teria sido cobrado pelas avarias no automóvel, enquanto teria se manifestado contrário a reparar os danos. “Ele rebate o autor, dizendo que não vai pagar. Há várias mensagens no celular da vítima mostrando total enfrentamento, inclusive ameaças de morte, falando que vai queimar o autor, que acaba por executá-la”, explica o policial.

O delegado solicitou à Justiça a prisão preventiva dos dois adultos e encaminhou cópia do expediente à Vara da Infância e Juventude para que sejam tomadas as providências cabíveis em relação ao suposto infrator.

Participação de adolescentes chama atenção

O titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, observa que a participação de adolescentes em assassinatos e tentativas de homicídio tem sido recorrente na cidade. Além do caso ocorrido no Bairro Santa Cruz, que teria contado com um jovem de 16 anos na cobertura, o delegado elucidou outro crime contra a vida nesta semana, que envolve dois adolescentes. A tentativa de assassinato aconteceu no último dia 2 na Rua Mariano Procópio, no bairro homônimo, região Nordeste.

Segundo o boletim de ocorrência, os infratores, de 16 e 17 anos, teriam passado de carro e disparado contra um usuário de drogas, 24, que estaria dentro de uma barraca de lona, às margens da linha férrea. Ao perceber que havia sido atingido, ele começou a correr, sendo perseguido pela dupla, que continuou a disparar em sua direção. Depois de conseguir escapar, a vítima foi socorrida pelo Samu até o HPS, passou por procedimento para retirada de projétil e foi liberada.

Conforme Rolli, um dos suspeitos foi apreendido em flagrante pela Polícia Militar no dia do crime. O outro também foi acautelado no Centro Socioeducativo após solicitação da Polícia Civil à Vara da Infância e Juventude. “A vítima teria sido baleada por dívida de drogas. Mas os dois adolescentes negam, falam que houve desavença pessoal”, pontua o delegado. “Os mandantes seriam donos de boca de fumo na região. Tentamos coibir essa ação de adolescentes em homicídios, que salta aos olhos, com acautelamentos. Em menos de duas semanas, os dois menores já estavam apreendidos”, finaliza.

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Tópicos: polícia

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