Sopa dos Pobres se adapta e reforça papel de acolhimento durante a pandemia

Instituição observa aumento na procura por alimentos e mudanças no perfil dos usuários do espaço


Por Nayara Zanetti, estagiária sob supervisão do editor Eduardo Valente

11/07/2021 às 07h00- Atualizada 11/07/2021 às 09h31

Antes das 11h, os funcionários da Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres já estão organizando e preparando os pratos do dia na cozinha da instituição. Com uma média de 200 refeições por dia, a iniciativa busca dar assistência a população em vulnerabilidade social de Juiz de Fora. Com a pandemia de Covid-19, a equipe do projeto notou um aumento na busca pela sopa e resolveu se adaptar para conseguir atender um maior número de pessoas.

“Em nenhum momento, mesmo com o início da pandemia, a Sopa dos Pobres interrompeu seu atendimento. Percebemos que, na verdade, nosso trabalho se tornaria ainda mais importante durante esse período de dificuldades. Notamos um aumento da demanda aproximadamente em 30%, chegando ao pico de 300 pessoas em um só dia”, explica o diretor da organização, Daniel Salomão.

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Com a pandemia, Sopa dos Pobres chegou a servir mais de 300 refeições por dia (arquivo pessoal)

Ao invés de receber os beneficiados dentro do espaço que era destinado para fazer as refeições, o grupo passou a entregar o almoço na porta com o auxílio de embalagens de marmitas doadas à instituição pela sociedade.

Mas não foi só o número de atendidos que sofreu alteração durante esse período. A nutricionista da instituição, Juliana Mendes, informou que o público assistido também modificou. “Estamos atendendo mais famílias e o número de crianças cresceu.” Segundo ela, a Sopa dos Pobres chegou a entregar 230 quentinhas, com mais de 70 repetições. “Passamos por momentos difíceis para conseguir preparar as refeições diárias com o aumento do número de atendidos.”

Desafios

De acordo com o diretor da organização, a maior dificuldade está na manutenção dos funcionários. Atualmente, o projeto conta com sete colaboradores – uma encarregada, duas cozinheiras, dois auxiliares de cozinha, uma nutricionista e uma assistente social – que chegam a custar cerca de R$ 12 mil mensalmente, além das despesas correntes. A Sopa dos Pobres costuma contar também com voluntários, mas com a progressão da epidemia eles decidiram suspender temporariamente o trabalho voluntário.

Em relação às doações, ele comenta que no início da pandemia as arrecadações foram impactadas. “Inicialmente, com a vinda da crise econômica derivada da situação de pandemia, percebemos uma diminuição nas doações. Entretanto, com nossa divulgação nas redes sociais e com o apoio da imprensa, percebemos maior sensibilização da população, que passou a contribuir mais com a instituição. O importante é que esse apoio continue, para que possamos manter nossas atividades.”

Cardápio

Os pratos variam de acordo com o que foi arrecadado. Juliana conta que geralmente são preparadas sopas, usando macarrão, carne, frango ou linguiça e legumes. Com as doações de ingredientes também são produzidas canjiquinhas, sopa de macarrão com feijão e canja.

Para além de uma refeição

Há 90 anos, Ludgero Moreira e sua esposa Alcides, por meio de um simples gesto, iniciaram uma jornada que, mais tarde, iria acolher e transformar o dia de várias pessoas. No dia 5 de junho de 1931, data de aniversário de sua filha Dulce, o casal decidiu oferecer lanches para pessoas em situação de rua. Desde então, a Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres, de segunda a sexta-feira, das 11h ao meio-dia, serve almoço gratuito para a população em vulnerabilidade social na cidade.

Alimentos são servidos em forma de quentinhas, respeitando os protocolos de segurança sanitária (Foto: Arquivo Pessoal)

A nutricionista Juliana Mendes ressalta que a maioria dos assistidos só tem essa refeição no dia para realizar, reforçando a importância da iniciativa. “É por meio deste projeto que muitas pessoas, famílias inteiras, se alimentam diariamente. E é por meio desta iniciativa que muitas pessoas também podem fazer o bem. Nós, que compomos a equipe de trabalhadores da Sopa, realizamos nossas tarefas com dedicação e boa vontade pensando nos atendidos que irão usufruir dessa refeição.”

O projeto oferece outros serviços, como a tradicional campanha de arrecadação de cobertores, luvas, cachecóis e agasalhos no inverno, que, neste ano, já distribuiu quase 500 cobertores. No período em que o número de arrecadação de alimentos é maior, ocorre a distribuição de cestas básicas para as famílias cadastradas na instituição.

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A Sopa dos Pobres também organiza ações que vão para além da assistência social, como atividades promocionais. “Nós temos um grupo voltado ao acolhimento e à orientação dos idosos frequentadores; grupo de artesanato, voltado a esse mesmo público; grupo de valorização da vida, direcionado ao apoio emocional de seus usuários; programa de incentivo ao retorno à escola, à participação de cursos profissionalizantes e à busca de vagas de emprego, coordenado por nossa assistente social”, afirma Daniel.

Saiba como doar

Para quem quiser ajudar, a Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres aceita doações de alimentos perecíveis e não-perecíveis, produtos de higiene pessoal e de limpeza, além de vestuário adequado ao inverno.

A contribuição pode ser levada até a instituição, que fica localizada na Rua Santo Antônio 100, número 110, térreo. Ou pode ser feita por meio de transferência bancária, pelos dados abaixo:

Banco do Brasil
AG: 2592-5
CC: 208613-1
CNPJ: 21.618.418/0001-37
Chave PIX: 21618418000137

Tópicos: coronavírus

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