Polícia conclui inquérito sobre suspeito de prender e torturar mulheres em JF
Crimes, com vários requintes de crueldade, aconteciam no apartamento onde o jovem morava, na Avenida Getúlio Vargas
A Polícia Civil concluiu, nesta quinta-feira (8), o inquérito que apura o caso do jovem de 21 anos, suspeito de manter em cárcere e torturar de forma física, psicológica e sexual duas namoradas no último ano, ambas de 22 anos. Os crimes, com verdadeiros requintes de crueldade, como choques elétricos e inúmeras agressões, aconteciam no apartamento em que ele morava, na Avenida Getúlio Vargas, no Centro, segundo investigações da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.
De acordo com a delegada responsável pela apuração, Ione Barbosa, o rapaz foi indiciado por cárcere privado, tortura, ameaça, estupro e lesão corporal, sendo todos os crimes em continuidade delitiva e em relação às duas vítimas. A conversão da prisão em flagrante em preventiva foi solicitada à Justiça. O suspeito está preso desde o dia 26 de março, quando foi capturado, após a namorada conseguir que ele a deixasse sair para fazer um trabalho. A própria mãe dela teria ligado e se passado por cliente para um procedimento estético, a fim de conseguir libertar a filha.
Naquele dia, quando a Polícia Militar recebeu a denúncia e chegou para prendê-lo, o jovem pulou a janela do quarto andar e tentou escapar dos militares percorrendo telhados de casas e prédios vizinhos, mas acabou detido em uma clínica dentária, após cerco policial no quarteirão.
A vítima contou aos policiais que havia começado o namoro em novembro, mas, já no mês seguinte, o companheiro teria mudado seu comportamento, demonstrando ser extremamente violento e possessivo. Desde então, ela passou a ser mantida em cárcere, já que só podia sair para visitar familiares, sob a autorização e supervisão dele. Segundo as declarações dela, o rapaz não aceitava o término do relacionamento, mediante ameaças, inclusive contra a família dela.
A coragem para denunciá-lo, no entanto, surgiu “no auge do terror físico e psicológico”: entre os dias 13 e 19 de março, quando ela permaneceu trancada no apartamento sob maus-tratos, relações sexuais abusivas, torturas e ameaças. Ao ligar para os pais, era obrigada a dizer que estava tudo bem. Na semana seguinte, a situação ficou ainda mais grave durante uma crise de ciúmes, quando o jovem amarrou braços e pernas da vítima, a fez ajoelhar nua sobre um tabuleiro com água e começou a desferir choques com a ponta desencapada de um fio elétrico.
A sessão de tortura, que varou até o outro dia, também incluía socos, chutes e tentativa de estrangulamento com outro fio enrolado em seu pescoço, muitas vezes de frente para o espelho. Como se não bastasse, o homem ainda fazia ameaças de queimar a vítima, com óleo que ele esquentava em frigideira e passava rente ao corpo dela.
Durante as investigações, a Polícia Civil também ouviu uma ex-namorada do suspeito, que relatou cenas de horror semelhantes, durante o ano em que se relacionaram, entre idas e voltas. Em 21 de julho de 2020, o jovem chegou a ser preso em flagrante por ameaça contra ela, quando teria usado uma arma para intimidar também vizinhos, em uma tentativa da vítima de não voltar para o apartamento dele. Mesmo com a prisão preventiva decretada na época, ele recebeu alvará de soltura em 27 de agosto do ano passado e, conforme a polícia, voltou a praticar os crimes.
A vítima contou ter sofrido durante aquele ano ameaças de ser morta a pauladas, pedradas, facadas; agressões a chutes e socos, além de tentativas de enforcamento. Ela conseguiu se livrar de vez do relacionamento em janeiro, após dupla sessão de tortura, quando ela e a última companheira dele chegaram a ser algemadas e amarradas juntas, e uma delas teria presenciado a outra sendo estuprada.
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