Minas só tem estoque de ‘kit intubação’ para três dias, diz secretário

Titular da Secretaria de Estado de Saúde disse que situação já foi levada a Zema, Rodrigo Pacheco e Bolsonaro


Por Renato Salles

31/03/2021 às 17h33- Atualizada 31/03/2021 às 18h32

Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quarta-feira (31), o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, reforçou o entendimento de que o momento da pandemia em todo o estado é preocupante. No momento, o ponto que mais requer cuidados do Governo mineiro é o estoque dos medicamentos necessários para o tratamento de casos mais graves da Covid-19. Segundo o secretário, no momento, o estado só dispõe de estoque do chamado kit intubação para garantir o funcionamento dos hospitais por três dias.

“Esse é o ponto mais crítico que todos os governos estaduais vêm enfrentando”, afirmou o secretário de Saúde. Baccheretti disse ainda que a situação já foi levada pelo governador Romeu Zema (Novo) ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), e ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “O que mais vem nos preocupando é a lentidão na distribuição destes medicamentos pelo Governo federal”, detalhou o secretário.

PUBLICIDADE

Ainda de acordo com Baccheretti, neste momento, a Secretaria de Estado de Saúde vem fazendo a distribuição dos insumos de forma paulatina. “Não temos um estoque grande. Temos um estoque que conseguimos três dias de medicamentos”, detalhou. Segundo ele, para os próximos dias, é aguardado o repasse dos insumos do kit intubação por parte do Ministério da Saúde. “Estamos aguardando para que possamos fortalecer todos os hospitais”, disse. Ele ainda afirmou que aguarda uma reposição “mais recorrente” por parte do Governo federal a partir de abril.

Em todo o estado, quase três mil pessoas estão internadas em leitos de unidade de terapia intensiva para tratamento da Covid-19. O cenário tornou ainda maior a demanda pelo chamado kit intubação, que é composto por medicamentos como sedativos e relaxantes musculares. Segundo o secretário, o Ministério da Saúde requisitou os insumos disponíveis na indústria nacional. “O fluxo regular das empresas e hospitais foi cortado e agora dependemos do repasse do Governo federal. Necessitamos também da boa intenção dos hospitais em falar o estoque real”, disse Baccheretti.

Profissionais da segurança devem ser contemplados no próximo lote

Durante a entrevista coletiva, Fábio Baccheretti ainda defendeu a necessidade da manutenção das medidas restritivas determinadas pela onda roxa do programa Minas Consciente, que será prorrogada em 13 das 14 macrorregiões do estado pelo menos até o próximo dia 11 de abril. A ampliação das regras foi anunciada pelo Governo de Minas nesta quarta-feira.

Além das medidas restritivas, o secretário de Saúde ressaltou que o Governo “busca a abertura de leitos de terapia intensiva em diversas regiões”. Baccheretti diz ainda que o Estado espera dar início à imunização de profissionais da segurança a partir da próxima remessa de doses de vacinas contra a Covid-19. “Foi um pleito feito pelo governador junto ao presidente do Senado e ao presidente da República. A última nota técnica define, de forma muito sucinta, quais são as categorias dentro das forças de segurança”, afirmou o secretário.

Ele destacou também que o Governo se move para que os professores também tenham sua imunização iniciada, neste momento, dentro do Plano Nacional de Imunização (PNI). A possibilidade, segundo ele, é defendida pelo governador Romeu Zema.

Isolamento social durante o feriado

Fábio Baccheretti também solicitou que os mineiros mantenham o isolamento social durante o feriado da Semana Santa. “A experiência que temos de feriados é muito ruim em relação à pandemia”, disse, lembrando a incidência de agravamento dos indicadores que mensuram o avanço da pandemia nos períodos que sucedem aos feriados.

“Agora, nossa expectativa é um pouco diferente, uma vez que estamos em onda roxa”, ressaltou. Neste sentido, o secretário pontuou que a atual faixa restritiva permite apenas o funcionamento de atividades tidas como essenciais e veda, por exemplo, as atividades de hotéis e a circulação de pessoas em horários específicos, o que pode minimizar possíveis reflexos do feriado nos indicadores da pandemia.

“O papel de cada um que vai determinar o sucesso ou não do enfrentamento à pandemia. Nesse momento, vamos enfatizar: fique em casa; não se aglomere; não visite parentes; e não receba amigos em casa. Não é época para isto. É época de adotarmos medidas de proteção individual e de proteção coletiva.”

O conteúdo continua após o anúncio

Força-tarefa

Baccheretti comentou ainda sobre a legislação aprovada nesta terça-feira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que permite que o Governo de Minas convoque voluntários e contrate estudantes e aposentados para reforçar as equipes de saúde da linha de frente contra a Covid-19.

O secretário não delimitou qual o quantitativo de profissionais que podem ser contratados, mas afirmou que eles serão usados para a formação de forças-tarefas que poderão ser direcionadas para regiões que estiverem enfrentando situações mais graves da pandemia.

Tópicos: coronavírus

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.