Novas variantes do coronavírus são detectadas em Juiz de Fora

Pesquisadores da UFJF encontraram cepas britânica e brasileira em testes registrados na cidade em fevereiro


Por Mariana Floriano, estagiária sob supervisão da editora Luciane Faquini

17/03/2021 às 21h57- Atualizada 18/03/2021 às 12h21

As novas variantes do coronavírus com origem no Reino Unido e em Manaus (AM) já estão circulando em Juiz de Fora. Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e confirmado na tarde desta quarta-feira (17), aponta a presença das novas cepas na cidade desde fevereiro.

O experimento analisou aleatoriamente cinco amostras de casos confirmados de coronavírus registrados em fevereiro em Juiz de Fora. A pesquisa ainda está em fase preliminar e pretende traçar um perfil epidemiológico que ajude no controle da pandemia.

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A análise foi feita no Centro de Estudos em Microbiologia da UFJF e, de acordo com o pesquisador participante do projeto Cláudio Gallupo, a motivação para o sequenciamento foi o surto de casos observados no final de janeiro e fevereiro.

“Considerando esse pico de aumento assustador de casos no final de janeiro, fevereiro e março, nós resolvemos alterar o projeto e incluir uma etapa de genotipagem. Há a necessidade de se conhecer rapidamente essas variantes, para que possamos dar um suporte ao controle epidemiológico da pandemia”, afirma o pesquisador.

De acordo com Cláudio Gallupo, ainda é cedo para se ter uma informação quantitativa da presença da nova cepa no município, porém esses dados estão entre os objetivos do estudo. “Ainda não temos noção de porcentagem, estamos na primeira etapa de padronização do experimento, a única informação que nós temos é que, em fevereiro, as novas variantes já estavam circulando na cidade”.

Para Gallupo, esse resultado reforça a necessidade do controle da pandemia pelo poder público. “Podemos dizer que o aparecimento dessas novas variantes está relacionado ao aumento súbito dos casos em Juiz de Fora recentemente, levando a decisão da Prefeitura da implementação do lockdown. É muito importante uma pesquisa, que dá retorno a uma sociedade que vive uma polarização política muito grande. Por um lado, pessoas aceitando a rigidez da norma sanitária, por outro, pessoas que criticam o isolamento. Saber que essas variantes estão circulando por aqui reforça a necessidade dessas medidas mais rígidas”.

Vacinas e novas variantes

O pesquisador ainda afirma que a presença dessas novas variantes não interferem na vacinação do município, visto que as vacinas que estão sendo utilizadas protegem contra essas variantes. “O impacto que nós temos é a título de Brasil. Percebemos que nós precisamos acelerar o Programa Nacional de Vacinação (…). A gente precisa obviamente da vacina para nos ajudar a combater o vírus, juntamente com o isolamento social”.

A pesquisa

A pesquisa ocorre desde agosto na universidade e possui três planos de ação, sendo um deles a proposição de uma possível nova vacina contra a Covid-19. Outro prevê o mapeamento dos vírus circulantes na região, em que são realizados o sequenciamento genético das amostras coletadas. O início do sequenciamento genético se deu após o pico de casos observados na cidade nos primeiros meses do ano, a fim de detectarem novas variantes.

O projeto é composto por cinco professores do Centro de Estudos em Microbiologia. Além de Cláudio Gallupo, inclui a participação das professoras Vanessa Cordeiro Dias e Alessandra Machado, a professora Vânia Lúcia da Silva e o professor Aripuanã Sakurada Watanabe. Ele é financiado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, junto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

 

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Tópicos: coronavírus

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