Nova Cidade!
Penso que é muita pretensão, ilusão e fantasia, algumas pessoas desejarem explicar tudo o que acontece na vida. E até com a vida dos outros. Ou até mesmo explicar a própria vida. Eu percebo que uma das coisas mais maravilhosas da vida é que o aprendizado é contínuo. Eu procuro aprender sempre por onde estou, por onde eu ando. Pela curiosidade vejo caminhos interessantes, inesperados, na alma. Leio de tudo que me chega às mãos. Gosto de ouvir as pessoas. Como diria o poeta local Daltemar Lima, “qualquer psiu me identifica”. Na verdade, o que eu desejo mesmo é conhecer as histórias de vida das pessoas, independente de qualquer outra intenção. E não tenho outra intenção. A não ser aprender como se vive ou como é a vida. Desejo sempre estar em contato. Desde cedo que não gosto de fazer parte de nenhum grupinho para receber carimbo de pertencimento, impedindo-me de conviver com quem pensa diferente de mim. É o caso clássico e corrente da voz popular, que diz que religião, futebol e política não se discutem. Discutem, sim. Desde que tenhamos o preparo suficiente para a manutenção do respeito e da atenção aos nossos interlocutores. Precisamos aprender a viver com as pessoas que pensam diferentes de nós: na religião, no futebol e na política. Como não discutir esses aspectos culturais que formam a nossa identidade?. Treino que deve começar dentro de nossa casa. Nessa fome e sede de vida, nessa busca, tiro proveito para levar para o meu dia a dia. Como, por exemplo, em frases feitas em parachoques de caminhões – antes, era mais comum de encontrar – “é fácil falar de mim, difícil é ser eu”; “não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho”, e tantas outras mensagens, que são verdadeiras pérolas, que não lembro mais aqui, mas que, certamente, dormem na paisagem da minha memória. Quando a gente ia para Porciúncula/RJ, em férias escolares, sentado no
banco de trás do velho Corcel do meu pai, eu lia todas as frases escritas dos caminhões que estavam à nossa frente. Fazia parte da alegria de estar junto com meu pai, minha mãe e meu irmão. Viagens inesquecíveis! Minha viagem pela vida requer de mim esforço para ser uma pessoa melhor, na vocação corajosa de me tornar o que desejo para mim. Trata-se, sem dúvida, de uma longa estrada.
É certo mesmo, e aprendo constantemente, que a vida não tem lógica. Não é uma reta uniforme. O que temos são trevos internos que nos indicam que direção seguir, que caminhos tomar. É preciso estar atento. Principalmente para a sinalização do amor. Muitos se perderam. E muitos de nós, podemos nos perder. O mundo anda muito sem graça. As pessoas com a pandemia da quarentena no isolamento social podem se esquecer da importância do abraço e do contato humano. Não podemos deixar que isso aconteça. O que nos distingue e nos torna maiores é o afeto. A expressão do afeto. Infelizmente, a valorização da vida anda em baixa.
A convivência humana, as nossas relações sociais, para a nossa resistência a esse estado de barbárie em que estamos metidos ou a que nos meteram, requer de nós, maturidade, equilíbrio e resiliência para os dias de hoje. Definidos por violência em pequenos e grandes comportamentos no cotidiano. Pela morte gratuita da vida e a normalidade do que nunca poderia ser encarado como normal, como a perda de milhares de vidas contabilizadas pelos números oficiais da Covid-19. A sensação que eu tenho na vivência da pandemia, é a de que nunca na história da humanidade morrer é tão ordinário e tão falado na rotina de nossa vida. São os signos nefastos ou os zumbis da necropolítica que nos impõem uma necrocultura. E é como se a vida parasse. Não vamos nem para a frente e nem para trás. Travou. Só que não! A vida pulsa, por mais frágil que seja, com ou sem coronavírus. Vamos em frente. Na direção do alcance de nossos sonhos. Nossas metas. Nossos amanhãs e futuros. Com as pessoas idosas olhando para frente e participando ativamente do processo de reinvenção de nossa cidade. Uma cidade que as respeite e as trate com mais atenção e mais respeito. Com políticas públicas capazes de mudar o patamar de indiferença e o descaso em que estão colocadas.