Lojistas pedem saída de Juiz de Fora do Minas Consciente

Empresários manifestaram na manhã desta segunda (18) solicitando a reabertura do comércio e falaram em “desobediência civil” caso comércio não seja reaberto


Por Leticya Bernadete

18/01/2021 às 12h31- Atualizada 18/01/2021 às 20h35

Lojistas de Juiz de Fora se reuniram na manhã desta segunda-feira (18), na região central, para manifestar contra o fechamento do comércio, após nova regressão para a onda vermelha do Minas Consciente. Durante o ato, os manifestantes solicitaram a saída do município do programa estadual e falaram da possibilidade de “desobediência civil”, caso as atividades não sejam retomadas em até dois dias. O protesto se iniciou na Rua Halfeld, por volta de 10h. Em seguida, os lojistas se dirigiram até a Câmara Municipal, onde foram recebidos pelos vereadores Juraci Scheffer (PT) e Maurício Delgado (DEM).

Lojistas percorreram ruas e avenidas da região central na manhã desta segunda-feira (Foto: Leticya Bernadete)

De acordo com um dos organizadores do ato e proprietário de três lojas na cidade, Jeferson Santos, o setor está tendo consequências com os fechamentos consecutivos. No final de dezembro, a cidade havia retornado para a Onda Vermelha do Minas Consciente, entretanto, avançou novamente para a Amarela no dia 9 de janeiro. Na semana passada, o Governo de Minas orientou que a microrregião, que compreende Juiz de Fora, Lima Duarte, Bicas e São João Nepomuceno, retornasse à faixa mais restritiva do programa, após a constatação do crescimento de casos e óbitos pela doença em Minas. O novo decreto sobre a Onda Vermelha entrou em vigor nesta segunda.

PUBLICIDADE

“As medidas sanitárias que deveriam ter sido tomadas lá atrás, não foram tomadas. Nesse momento, podemos observar as lotéricas lotadas, os bancos lotados, as filas de pagamento lotadas, inclusive da Prefeitura (Espaço Cidadão). E o comércio, mais uma vez, pagando o pato de uma conta que não é dele”, diz Santos. Para os lojistas, o decreto da Onda Vermelha é “seletivo”, visto que alguns estabelecimentos têm autorização para funcionar e outros, não. “Lockdown ou é para todos, ou é para ninguém, porque é isso que está acontecendo: uma loja aberta, outra fechada.”

Saída do Minas Consciente

Ainda conforme o organizador da manifestação, as decisões que vêm do Comitê Estadual de enfrentamento à Covid-19 não seriam baseadas na realidade juiz-forana. Desta forma, os lojistas pedem a saída da cidade do Minas Consciente. “Entendemos que a prefeita Margarida não pode sair do Minas Consciente porque se não ela perde leitos cedidos pelo Estado. Sabemos que é uma decisão difícil, porém, em determinadas horas, o líder de uma cidade tem que ter firmeza nas suas decisões”, diz.

A preocupação do setor é com o encerramento de atividades dos estabelecimentos por não conseguirem se manter enquanto estiverem fechados. “Nesse momento, se for necessário, que ela (Margarida) saia do Minas Consciente para que Juiz de Fora não entre em um colapso, porque o que vai acontecer é isso, é um colapso do comércio. Daqui a 20 dias, nós estaremos assistindo empresas fechando suas portas e muitos desempregos.”

Ao caminharem com o ato para a Câmara Municipal, os lojistas foram atendidos pelos vereadores Juraci Scheffer (PT) e Maurício Delgado (DEM). Eles se solidarizaram com os manifestantes e se comprometeram a contactar a Prefeitura de Juiz de Fora.

Sindicato defende “reavaliação” de programa estadual

Apesar de não ter participado da manifestação na manhã desta segunda-feira, o Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF) concorda que o Minas Consciente precisa ser “reavaliado”, de acordo com o presidente da categoria, Emerson Beloti. “Se não houver uma reavaliação séria sobre o Minas Consciente, eu não vejo porque ficar. Falam-se que vamos perder leitos que estão em volta de Juiz de Fora, mas as principais cidades de Minas não estão no Minas Consciente: Belo Horizonte e Uberlândia”, exemplifica. “Uberlândia, por exemplo, não está no Minas Consciente, e os lojistas de lá ficaram quase 70 dias fechados. Nós estamos no Minas Consciente e ficamos 150. Tem alguma coisa que não está batendo.”

Ainda conforme Beloti, o comércio compreende a situação epidemiológica da cidade, entretanto, o setor não seria o responsável pela mesma. Nas duas semanas que Juiz de Fora esteve na onda vermelha, após o Natal, diversas pessoas teriam aproveitado para viajar, o que pode ter contribuído para o agravamento do quadro da Covid-19 em Juiz de Fora. “Todo mundo sabe que o responsável disso é o final do ano em Cabo Frio, Guarapari”, exemplifica. “Tem que haver um trabalho efetivo do executivo municipal, com a fiscalização rígida daqueles que estão descumprindo. Quanto mais tempo ficamos fechados, mais as pessoas estão saindo. O fechamento (do comércio) não está fazendo o distanciamento. Esse é o problema”, afirma o presidente do Sindicomércio.

PJF diz que cidade permanece no Minas Consciente

Em nota, a PJF informou que o município permanece no Minas Consciente, “contribuindo com os esforços coletivos realizados pelo Governo de Minas para a retomada segura das atividades econômicas nos municípios do estado, e de um cenário de segurança para a vida da população”. De acordo com a Administração Municipal, a rede de atendimento nem sempre é suficiente para atender a demanda por leitos. Desta forma, a permanência no programa estadual é necessária para garantir o encaminhamento de pacientes para as cidades da microrregião.

O conteúdo continua após o anúncio

A Prefeitura também ressaltou que as definições tomadas por sua nova gestão são debatidas no Fórum em Defesa da Vida, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta), com participação das secretarias de Saúde (SS) e Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur). Além disso, o grupo conta com a representação da Superintendência Regional de Saúde, do Ministério Público, da Defensoria Pública, de 11 entidades representativas do empresariado, de três instituições de pesquisa, de quatro entidades representativas dos trabalhadores e de duas instituições de fomento à atividade econômica.

Tópicos: coronavírus

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.