Vacinação começa em até 48 horas após liberação da Anvisa, afirma Zema

Governador afirmou que Minas está estruturada para distribuição tão logo doses sejam disponibilizadas


Por Marcos Araújo e Vivia Lima

14/01/2021 às 21h22- Atualizada 15/01/2021 às 12h24

Em entrevista exclusiva à Rádio CBN de Juiz de Fora, nesta quinta-feira (14), o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que, tão logo uma vacina seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a população de Juiz de Fora, assim como das outras 852 cidades mineiras, irá receber a imunização em 48 horas, no máximo.

A promessa do governador aconteceu no dia em que Minas Gerais alcançou a marca de 13.028 mortes em decorrência da Covid-19 e horas antes de visitar Juiz de Fora, para entregar cerca de 290 mil seringas agulhadas para utilização, quando já houver a disponibilização do imunizante contra a doença. O material será entregue para as 37 cidades sob jurisdição da regional de Juiz de Fora. O Estado adquiriu um total de 50 milhões de seringas agulhadas e comprou 617 câmaras refrigeradas para armazenamento dos imunizantes.

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Zema analisou o avanço da pandemia e classificou, novamente, como prejudicial a politização da vacinação (Foto: Divulgação)

“Nós queremos que, assim que a vacina for liberada pelo Governo federal, em 48 horas no máximo, o processo de vacinação já esteja acontecendo nos 853 municípios do estado para o público-alvo, lembrando que, primeiramente, de acordo com os critérios do Ministério da Saúde, terão prioridade os profissionais de saúde que estão expostos a riscos. Estamos preparando uma força-tarefa para que esse transporte ocorra da maneira mais eficiente possível. Não sabemos ainda se a vacina será disponibilizada em São Paulo ou em Brasília, mas qualquer que seja o local onde ela estiver, nós já temos planos para que aviões, carros e vans levem a vacina de forma refrigerada para todas as regionais de saúde do estado”, adiantou o governador. Ele acrescentou, ainda, que as prefeituras que precisarem fazer a retirada do material serão avisadas com antecedência para que já desloquem seus veículos.

O governador Romeu Zema também afirmou que Minas está estruturada para distribuição das doses, seguindo as diretrizes nacionais.

Centralização

Com as taxas de contágio em alta, Minas Gerais vem registrando recordes seguidos de casos da doença. Apesar disso, apresenta a menor taxa de mortalidade no país. A Rede Sustentabilidade ajuizou nova ação no Supremo Tribunal Federal, na qual pede autorização para que os estados possam elaborar e executar seus próprios planos de imunização. Na avaliação de Zema, o pedido geraria injustiça e tumulto caso seja aprovado.

“Não concordo com essa postura de descentralizar. Se nós tivermos cada município e cada estado conduzindo um processo de vacinação diferente, e em datas distintas, primeiro, vamos cometer uma injustiça enorme. Aqueles municípios que têm mais poder financeiro vão ter condições de vacinar a sua população antes daqueles outros que não têm uma situação tão boa assim. Também não seria correto pelo tumulto que isso geraria. Se uma cidade vizinha, por exemplo a Juiz de Fora, começasse amanhã a vacinação, com certeza isso só iria causar perturbação e não solução”, ressaltou, defendendo a centralização do processo pelo Governo federal.

Politização da vacinação

Zema analisou o avanço da pandemia e classificou, novamente, como prejudicial a politização da vacinação. Para ele, essa discussão deveria ter sido restrita às esferas de ministério e secretarias de Saúde. “Nós, que estamos no Poder Executivo, temos que coordenar os esforços e fazer de tudo que está ao nosso alcance para que a população seja o mínimo atingida. Mas, infelizmente, houve diversas bandeiras, pessoas que não estão habilitadas, que não têm conhecimento médico de saúde. Eu mesmo não entendo e não me arrisco a comentar aquilo que não entendo. É lamentável que aqui no Brasil tenhamos tido essa história triste e, com certeza, só serviu para aumentar o número de vítimas.”

Ao longo da entrevista, o governador não descartou a possibilidade de usar espaços públicos, como estádios, por exemplo, para que seja realizada a vacinação. No entanto, reforça a prioridade de alguns grupos em receber as doses. Segundo ele, milhares de doses chegarão ao estado diariamente e de maneira diluída. Zema pontuou que todos os municípios, independente de integrarem ou não o Minas Consciente, receberão as doses, podendo ter prioridade aqueles com índices mais alarmantes.

“Existe o posicionamento de que locais onde a situação estiver mais grave sejam atendidos prioritariamente, o que faz sentido, mas tem pessoas que questionam esse posicionamento, dizendo que onde fizeram pior é onde estarão sendo recompensados. Então é algo que se tem que colocar na balança, mas, por questões humanitárias, temos que priorizar quem precisa mais”, disse, acrescentando que, na próxima terça (19), o assunto será discutido em reunião entre o ministro da saúde e governadores.

Ampliação de leitos e Hospital Regional

Ainda na entrevista, Romeu Zema lembrou que de 2.050 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), o estado saltou para 4 mil. Somente na Zona da Mata, eram 253 e esse total foi ampliado para 417. Segundo ele, foram adquiridos também cerca de 2.700 respiradores. O governador comemorou o fato de que, desde que foi decretada a pandemia, todos os mineiros tiveram garantia de atendimento nas unidades hospitalares. A entrevista trouxe à tona a questão do abandono durante oito anos do Hospital Regional de Juiz de Fora, que, caso estivesse em pleno funcionamento, seria um importante equipamento no enfrentamento à Covid-19.

Zema afirmou que a unidade pode receber parte de investimentos, da ordem de R$ 580 milhões, graças a um acordo com as empresas mineradoras Vale e Samarco. Para o governador, a crise da saúde tem feito a economia se arrastar em todo o país e, em Minas, não tem sido diferente. No âmbito econômico, o governador lembrou das facilidades de empréstimos, a fim de que as empresas continuem existindo para a manutenção de emprego e renda e com boas perspectivas após a liberação da vacina.

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“Tudo aquilo que está a nosso alcance tem sido feito e, através do BDMG, no ano passado, fizemos três vezes mais empréstimos para micro e pequenas empresas do que no ano de 2019. Isso, exatamente para evitar que essas empresas venham a desaparecer. É importantíssimo que elas continuem operando, porque a manutenção de emprego depende delas.”

Transporte fretado

Zema ainda esclareceu o decreto assinado nesta semana, estabelecendo novos parâmetros para o transporte fretado de passageiros nas rodovias e facilitando a operação do serviço por empresas que já operam no setor por aplicativos.

“Quando o estado dificulta algumas atividades o que ocorre é que algumas pessoas começam a trabalhar de forma clandestina. O que nós estamos fazendo é dar a oportunidade para aqueles que queiram transportar passageiros de forma fretada façam isso com a maior transparência, recolhendo os tributos. Queremos ainda que as pessoas usuárias do transporte intermunicipal e interestadual venham a ter mais opções de horários, veículos mais novos e que possam comparar, ter acesso àquilo que atenda suas demandas de forma mais adequada.”

Tópicos: coronavírus

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