Ministério Público alerta para alta taxa de ocupação de leitos em JF
Levantamento apontou que 95% das UTIs credenciadas ao SUS estavam ocupadas na cidade no domingo. Órgão diz que pacientes estão sendo transferidos para municípios da região
As crescentes taxas de ocupação de leitos em Juiz de Fora estariam levando moradores da cidade a serem transferidos para internação em cidades da região. A informação é do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que, nesta segunda-feira (21), formalizou uma solicitação para que o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 se reúna, em caráter emergencial, para discutir a situação. No domingo (20), por volta das 22h15, a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do SUS chegou a 95,05% na cidade, de acordo com levantamento do MPMG.
Conforme os dados divulgados pelo órgão, na ocasião, dos 94 leitos de UTI disponíveis na rede pública para atendimento a pacientes com Covid-19, 89 estavam ocupados. Dos outros 88 leitos voltados para os demais atendimentos, 84 contavam com pacientes internados. O levantamento exclui os hospitais oncológicos (Ascomcer e Instituto Oncológico).
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No início da noite desta segunda-feira, às 18h11, o índice de ocupação dos equipamentos intensivos do SUS havia caído para 85,78%, enquanto a taxa de ocupação de UTI geral – que considera internações de pacientes com Covid-19 e com demais enfermidades – chegou a 87,94%, conforme dados da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), também disponibilizados via painel gerencial.
Mesmo com a diminuição da taxa de ocupação, o coordenador regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sudeste, promotor Rodrigo Ferreira de Barros considera que a situação é preocupante, pois, de acordo com ele, já há relatos de pacientes de Juiz de Fora que estão sendo transferidos para atendimento em outras cidades. Segundo ele, neste fim de semana, moradores da cidade foram direcionados para municípios como Santos Dumont, Ubá, Leopoldina e Cataguases.
“De fato, existe um exaurimento total de leitos de UTI da cidade. A cidade, hoje, está contando muito com a rede macrorregional e, se for necessário, vai contar também com a rede estadual do SUS, que é integrada e única”. Durante a tarde, Barros informou que a promotoria faria novo levantamento da ocupação de leitos na cidade na noite desta segunda. O novo balanço deve ser divulgado na manhã desta terça.
A Tribuna procurou a Secretaria de Saúde da PJF, que informou, por meio de nota, que a subsecretaria de Regulação acompanha a situação local e pode, mediante demanda, redirecionar pacientes para outros municípios. “O SUS é um sistema único e universal de assistência à saúde que atua em rede, portanto, se necessário, pacientes de Juiz de Fora podem ser transferidos para hospitais da microrregião. Assim como, o Município pode receber pacientes de outras cidades. O Plano de Contingência de Enfrentamento à Covid-19 do Estado de Minas Gerais já prevê esse suporte entre as cidades”, informou em nota.
Sobre a possibilidade da realização de uma reunião emergencial para tratar da alta taxa de ocupação registrada no domingo, a PJF afirmou que, até esta segunda, não havia nenhum encontro previsto para esta semana.
‘Leitos não são mais suficientes’, diz promotor
De acordo com o promotor de Saúde, Rodrigo Barros, gestores dos hospitais, representantes da Prefeitura e da gerência Regional de Saúde do Governo de Minas se reuniram neste domingo para tratar da situação. Segundo Barros, houve solicitação, inclusive, da parte dos hospitais, para implantação de novas medidas restritivas na cidade. “Os gestores hospitalares foram uníssonos e formalizaram esse pedido à Prefeitura, de que haja medidas mais restritivas nesse controle da pandemia, porque, no estado atual, é impossível que a rede hospitalar de Juiz de Fora – e aí estou dizendo não somente pelo SUS, mas da rede privada também – suportar essa pressão e a demanda de pacientes que está sendo apresentada diariamente a esses hospitais.”
A situação tem causado alerta, inclusive, nas cidades da região, que também dependem da rede hospitalar de Juiz de Fora para atendimento de pacientes com Covid-19. Neste domingo, a Promotoria de Justiça de Saúde de Além Paraíba, por exemplo, emitiu um alerta para a população, solicitando que a mesma ficasse em casa e evitasse aglomeração nas festividades de final de ano.
“A nossa preocupação é que tem de haver uma mudança de postura e mudança de conduta da população em geral. O sistema não suporta mais tantos pacientes atendidos ao mesmo tempo. Nós estamos batendo recordes diários de internação e, por mais que tenha sido ampliado esse quantitativo de leitos para atender os pacientes em UTI Covid e também enfermaria, esses leitos hoje, infelizmente, não são mais suficientes”, diz o promotor Rodrigo Barros.
Regulação de pacientes
Questionada sobre como é feita a transferência de pacientes entre cidades no estado, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que há 13 centrais de regulação no estado, além dos municípios que contam com central própria – como é o caso de Belo Horizonte, por exemplo. O fluxo regulatório para os casos de urgência e emergência, de acordo com a pasta, é iniciado a partir do pedido da unidade da rede de saúde pública do estado que atendeu o paciente. A solicitação é realizada por meio do cadastro de um laudo eletrônico no SUSFácilMG, sistema de regulação do Estado.
Após ser cadastrado, o laudo é encaminhado para a Central Macrorregional de Regulação Assistencial, em que o médico plantonista avalia a solicitação e solicita acesso ao tratamento médico-hospitalar mais adequado ao estado de saúde do paciente regulado.
“Assim que é definido um possível estabelecimento hospitalar, é enviado um pedido de reserva de leito e o estabelecimento de origem é comunicado, para que a transferência do paciente seja realizada. No caso de negativa do pedido por parte do estabelecimento de destino, com uma justificativa técnica pendente, outra unidade de saúde será consultada, e assim por diante, só se encerrando a busca de leito quando uma reserva for confirmada”, informou a SES em nota.
Número de hospitalizados nesta segunda era de 424
Nesta segunda, o número de pacientes internados de forma simultânea em decorrência da Covid-19 nesta segunda, às 18h11, chegou a 424. Desse total, 147 ocupavam leitos intensivos, enquanto 277 estava em leitos de enfermaria.
Ainda conforme dados da PJF, até o mesmo horário, a taxa de ocupação total de leitos UTI da rede privada de saúde atingiu 91,81%. A taxa de ocupação do leitos de enfermaria era de 58,51%.
Em relação ao índice de isolamento social na cidade, a última atualização do painel da PJF mostrava dados de domingo. Na data, a taxa era de 52,6%.
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