Estudo aponta que leitos de UTI no Estado podem se esgotar nesta semana

Projeção levou Governo a reforçar a necessidade de os municípios separarem os fluxos de atendimento para pacientes com suspeita de Covid-19


Por Leticya Bernadete

22/06/2020 às 16h01- Atualizada 22/06/2020 às 16h13

Durante entrevista coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira (22), o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, revelou que estudos apontaram para a possibilidade de esgotamento de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em Minas Gerais nesta quinta-feira (25). A projeção, combinada com o aumento do número de casos confirmados no estado, além da aproximação do pico de contaminação, previsto para 15 de julho, levaram o Governo a adotar medidas para tentar evitar a sobrecarga na rede de saúde do estado, recorrendo ao apoio das prefeituras para reforçar o isolamento social em Minas Gerais.

Conforme apontado por Amaral, para buscar adiar o pico, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) realizou, nos últimos dias, reuniões com representantes de cada macrorregião do estado. “Nessas videoconferências, orientamos o que é a interpretação da secretaria sobre as tendências que vemos em relação ao aumento de casos em cada região, e o que sugeriríamos para a adoção de medidas. Nesse contexto, como já começamos a ter intervenções nos últimos 15 dias, entendemos que possa vir a ter redução no sentido de incremento dos casos, mas isso, efetivamente, precisa de acompanhamento para confirmarmos ou não essa ideia”, explica.

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Com o aumento do número de casos confirmados, o secretário trouxe, ainda, um alerta à atenção primária de saúde em todos os municípios, reforçando a necessidade de separarem os fluxos de atendimento para pacientes com suspeita de Covid-19. Isto porque, com o aumento no número de contaminações, pode ocorrer, também, aumento na demanda deste setor. “Quando falamos que existe um crescimento de casos, que houve algum estudo lá atrás mostrando que, em 25 de junho, poderia ser um momento de estresse, mudamos nossa maneira de entrar em contato com os municípios e orientarmos o isolamento ainda mais intenso, porque nós gostaríamos de evitar que chegasse neste momento”, afirmou.

Hospitais de campanha

Com a adoção de medidas para ampliar o número de leitos de terapia intensiva em hospitais, entre outras ações de expansão da capacidade operacional, como distribuição de respiradores, os representantes do Governo afirmam que pode-se evitar a utilização de hospitais de campanha, que não deixarão “legados” para o sistema de saúde pública. “O hospital de campanha será fechado quando acabar essa pandemia da Covid-19. Não é um hospital feito para deixar um legado. O que precisamos, neste momento, é manter a estrutura hospitalar. Essa estrutura sendo beneficiada e sendo aparelhada, fica como legado para a sociedade do ponto de vista dessa epidemia, que, na verdade, ninguém esperava, e de forma nenhuma gostaríamos que acontecesse. Mas uma vez que estamos diante dela, nós pensarmos em termos legado, com hospitais mais estruturados em todo o estado de Minas Gerais, é importante”, disse.

Projeto de lockdown carece apenas de ajustes técnicos

Na última sexta-feira (19), o Governo de Minas havia divulgado que estava trabalhando em um protocolo de lockdown para os municípios do estado. Durante a coletiva nesta segunda, o secretário adjunto Marcelo Cabral explicou que o mesmo já foi elaborado, faltando apenas ajustes técnicos. “Cada vez mais nos aproximando do pico, por estimativa, nós também imaginamos que seja a proximidade para que, em um agravamento desses números, a gente parta para o lockdown. Precisamos ter isso em mente para que não sejamos surpreendidos por uma situação um pouco mais grave, mas sempre levando em consideração estimativas e buscando minimizar os impactos quando estabelecemos contatos com os prefeitos e secretários municipais.” Conforme explicou Cabral, o protocolo de lockdown será destinado para as regiões com situações mais críticas da pandemia, entretanto, não foram especificadas quais podem aderir à medida.

Como pontuou o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, mesmo não sendo desejado, o lockdown pode vir a ser uma alternativa. Desta forma, para evitar chegar a este ponto, o representante da pasta destaca a necessidade das medidas de isolamento social, em conformidade com o plano Minas Consciente, que tem as orientações indicadas. “De uma forma geral, entendemos que, nesse momento no estado, se falar em flexibilização é completamente impróprio. Não é momento para se flexibilizar com o aumento dos casos que estamos tendo”, afirma. “A tendência global dos casos, na grande maioria dos municípios, é, efetivamente, um retrocesso para a onda verde, que seria importante nesse momento.”

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Tópicos: coronavírus

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