Ilda Rizzo Rangel, 90 anos – A fé que ajudou a erguer uma igreja


Por Mauro Morais

07/06/2020 às 06h59

Foto: Arquivo Pessoal

Por quase sete décadas, Ilda Rizzo Rangel viveu no Bairro Poço Rico, onde ajudou a erguer a Igreja Menino Jesus de Praga. Era católica fervorosa e passava muitas das horas de seus dias em atividades religiosas. Por cerca de 40 anos, Ilda integrou o coro da Catedral Metropolitana. Filha de pais italianos, ela manteve-se no bairro após o casamento que lhe deu três filhos, quatro netos e uma bisneta. O marido tinha um famoso mercado na cidade, negócio familiar, e Ilda cuidava da casa, da família e da igreja. Há pouco mais de dez anos o companheiro, com quem celebrou Bodas de Diamante (60 anos), adoeceu. Durante o tratamento, precisou amputar a perna. “O sofrimento dele amenizou o dela, depois de sua morte. Isso ajudou ela a aceitar”, conta a neta mais velha Chris Rangel, que herdou da avó o dom para a costura e para a cozinha e a personalidade forte. “Descendente de napolitanos, ela era muito brava”, ri Chris, que, após despedir-se do avô, viu a manifestar os primeiros lapsos de memória. Pouco tempo depois, Ilda seria diagnosticada com Alzheimer, o que exigiu que se mudasse para perto de uma das filhas, trocando o Poço Rico pelo Bairro São Mateus. Com a evolução da doença, com a qual conviveu por cerca de dez anos, e com os muitos cuidados que exigia, a idosa passou a viver numa casa de repouso. Alegre, Ilda participava das atividades do lugar durante os dois anos em que por lá viveu. Após mais de dois meses sem receber visitas no lugar, por conta da pandemia, Ilda contraiu o coronavírus, que a vitimou no dia 21 de maio, aos 90 anos. “Achava que minha avó fosse chegar aos 100 facilmente. A cabecinha estava ruim, a doença acabou fragilizando o corpo, mas ela era muito forte”, recorda-se a neta, contando que, quando o tio, filho de Ilda, foi buscar a avó na casa de repouso para interná-la, Ilda retrucou: “O que estou fazendo aqui? Estou ótima!”.

Clique aqui e confira as outras histórias publicadas pela Tribuna dos juiz-foranos acometidos pela Covid-19.

PUBLICIDADE

Tópicos: coronavírus

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.