Racionalidade diante do coronavírus


Por Luís Eugênio Sanábio e Souza, Escritor

24/03/2020 às 06h25

Os médicos infectologistas afirmam que cerca de 80% dos infectados pelo novo coronavírus nem precisarão de médico, e, sendo assim, não se pode classificar este vírus como uma espécie de “peste gravíssima” como pode parecer. De uma maneira geral, sabe-se que o novo vírus gera uma gripe moderada, um pouco mais forte que uma gripe comum e que é mais perigosa para pessoas fragilizadas, em razão de velhice ou doença preexistente.

Isso não é irrelevante, pois as pessoas mais novas têm o dever de proteger os mais velhos, e as pessoas saudáveis devem proteger os enfermos. Contudo as prevenções devem ser feitas de maneira racional, sem dramatizações desnecessárias e desproporcionais com a realidade, ou seja, “o alarme não pode ser maior do que a ameaça” (diz o infectologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia).

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Até o presente momento, o coronavírus não se revela mais grave que a epidemia de dengue, por exemplo. Isso significa que, na minha cidade e na maioria dos ambientes brasileiros, é mais fácil contrair dengue do que ser atingido pelo coronavírus, e, no entanto, a mobilização contra a dengue parece menor, talvez em razão da novidade do coronavírus, que, no final das contas, provavelmente, não irá matar tanto no Brasil quanto a dengue. Tomara.

Vale lembrar que a dengue matou cerca de 800 pessoas no Brasil no ano de 2019. Segundo a BBC News, no momento, as Américas estão experimentando um surto histórico de dengue, que está sendo ocultado pelas notícias do coronavírus. A tuberculose, por exemplo, tem matado cerca de cinco mil pessoas por ano no Brasil.

Segundo o citado especialista dr. Starling, deve-se priorizar as medidas preventivas de acordo com a gravidade e a proximidade das doenças. Assim, se a dengue está mais próxima de mim e com maiores probabilidades de contaminação, é óbvio que a atenção para ela precisa ser maior. Existem diversas outras doenças circulantes, além do coronavírus, que são mais graves para os idosos. Então, é óbvio que é uma ilusão achar que esta ameaça aos idosos seja uma exclusividade do coronavírus.

Uma doença “nova” gera maior insegurança, mas este “novo” não significa necessariamente que é mais perigoso que outras enfermidades antigas, como a citada dengue. Na verdade, nenhuma doença (dengue, coronavírus, tuberculose, febre amarela, etc.) deve ser ignorada, e isso significa que devemos estar normalmente e serenamente vigilantes em termos preventivos. Mas isso não significa que devemos pensar 24 horas nas doenças que nos ameaçam e ficar lendo constantemente sobre o perigo delas. Esta obsessão costuma gerar outra doença, que se chama hipocondria!

Hoje, diante da globalização da comunicação, corremos o risco de sermos escravos do sensacionalismo midiático, das notícias repetitivas, tantas vezes excessivamente dramáticas e até falsas. Tudo isso acaba gerando um medo irracional. Sejamos então higiênicos, racionais e prudentes para justos discernimentos, mas sem exageros e sem medo. O medo irracional é fruto da ignorância e também da ausência de oração, de Deus. Vivamos com prazer, acolhendo os desafios da vida com coragem e paz no coração!

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Tópicos: coronavírus

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