Ministério da Saúde trata caso em JF como suspeito de coronavírus

PJF vai orientar profissionais de todas as unidades de atendimento sobre como proceder caso surjam pacientes com sintomas


Por Carolina Leonel e Leticya Bernadete (colaborou Renan Ribeiro)

27/02/2020 às 16h29- Atualizada 27/02/2020 às 21h20

Tribuna esteve na porta do Hospital Doutor João Penido nesta quinta-feira e apurou que o clima é de tranquilidade (Foto: Fernando Priamo)

O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (27), um caso suspeito de coronavírus (Covid-19) em Juiz de Fora. A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em entrevista coletiva à imprensa. Nesta quarta (26), uma mulher, de idade não informada, deu entrada no Hospital Doutor Geraldo Mozart Teixeira (HPS) com sintomas compatíveis aos da doença. Segundo a Secretaria de Saúde, ela apresentou febre, dor de garganta e secreção clara. Ainda na quarta, seguindo protocolo de isolamento, a paciente foi encaminhada ao Hospital Regional Doutor João Penido, centro de referência para o caso. Uma amostra laboratorial da paciente foi enviada para avaliação em Belo Horizonte.
Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), administradora do João Penido, a paciente apresentava quadro estável nesta quinta-feira. De acordo com a Secretaria de Saúde, ela chegou recentemente da Itália e foi encaminhada ao hospital na última quarta pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que informou ter sido acionado por volta de 16h40. O serviço afirmou que seguiu protocolo do Ministério da Saúde, com a equipe devidamente paramentada para realização do transporte da paciente.

A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) capacitará, na próxima semana, toda a rede de assistência à saúde do município. O intuito é orientar os profissionais sobre como proceder caso surjam novos registros suspeitos do coronavírus na cidade. A capacitação envolverá todas as unidades básicas de saúde (UBSs), de urgência e emergência e de pronto atendimento, a Regional Leste, o Pronto Atendimento Infantil (PAI) e o HPS, além da rede particular. A medida foi definida na tarde desta quinta, após reunião entre representantes da Secretaria de Saúde e da equipe técnica da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora.

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Conforme a secretaria, há três situações possíveis da doença (ver quadro). A Prefeitura reforça a importância de a população se conscientizar e buscar uma unidade de saúde caso sejam verificados sintomas que se enquadrem em algum dos cenários apontados.

João Penido

A Fhemig informou que, por precaução, o Hospital Doutor João Penido está tomando as providências previstas em protocolo clínico. De acordo com nota disponível no site da SES, em casos suspeitos da doença, a conduta prevê fornecimento de máscara cirúrgica para o paciente, bem como a condução do mesmo para uma sala isolada. Os profissionais de saúde também devem utilizar vestimentas e acessórios de proteção, sendo que todo equipamento deve ser descartado após utilização, com exceção da proteção ocular.

A Tribuna esteve na porta do Hospital Doutor João Penido nesta quinta-feira e apurou que o clima é de tranquilidade. Os funcionários não circulavam com materiais como luvas e máscaras, e tanto pessoas que trabalham no local, como acompanhantes de pacientes internados, disseram que os médicos estão repassando orientações de higiene, especialmente, em relação à forma correta de lavar as mãos. A informação é de que ninguém, exceto a equipe do João Penido, tem acesso ao local em que a paciente está isolada.

Cinco casos são investigados em Minas Gerais

Até a tarde desta quinta, cinco suspeitas de coronavírus eram investigadas em Minas Gerais. Além de Juiz de Fora, Montes Claros, no norte do estado, tem um caso em investigação, e Belo Horizonte, três. A SES informou que tem recebido dezenas de notificações de pacientes com sintomas que podem estar relacionados ao coronavírus, no entanto, as mesmas ainda não são consideradas suspeitas. Apesar disso, o secretário estadual de saúde, o médico juiz-forano Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva, afirmou que a partir do momento em que há a notificação, a pasta orienta o isolamento e a adoção de medidas protocolares, até que o caso seja comprovado ou descartado. “Há uma diferença muito grande em isolamento respiratório e a confirmação. O isolamento é para se evitar o risco da pessoa, possivelmente, ficar transmitindo o vírus. Esse isolamento pode ser domiciliar ou hospitalar, depende da gravidade”, pontuou.

Na coletiva realizada nesta quinta, o secretário explicou ainda que a orientação em relação às notificações segue um protocolo até o caso ser considerado ou não como suspeito para Covid-19 pelo Ministério da Saúde. Conforme o titular, a orientação é que as unidades de saúde entrem em contato com as secretarias estaduais e municipais caso atendam pacientes com quadro febril, manifestações respiratórias e outros sintomas da doença, associados a viagem recente para outros países ou a contato com pessoas que tenham viajado para o exterior.

“O Município deverá fazer a avaliação do paciente e proceder a internação ou isolamento, conforme o quadro clínico, e um formulário deverá ser preenchido e enviado ao Ministério da Saúde. Após a avaliação do órgão, com critérios para confirmar ou não casos suspeitos, a informação é divulgada. É orientada a coleta de dois frascos de amostras, e a Saúde manterá o monitoramento dos contatos da pessoa”, explicou o secretário. “A população tem que ficar atenta aos cuidados com higiene respiratória. Esse tipo de medida é importante para evitar a propagação do vírus”, recomenda.

Situação de emergência

O Governo de Minas publicará, nos próximos dias, um decreto de emergência em saúde pública para garantir maior agilidade na contratação de serviços, leitos, equipamentos e medicamentos para pacientes com suspeita de Covid-19 no estado. Conforme o secretário, o decreto está em fase de estudo pela consultoria técnico-legislativa e ainda passará pela Defesa Civil antes de ser publicado. “Temos que nos preparar para cenários simples, mas também para aqueles que demandem uma maior capacidade de reação. Nosso objetivo é nos alinhar ao Ministério da Saúde para que isso possa possibilitar mais agilidade ao Estado”, afirmou Carlos Eduardo.

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Conforme o titular, há um processo de licitação para a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) como máscaras, aventais, luvas e óculos em aberto. O material adquirido deverá ser encaminhado aos hospitais e unidades de saúde que necessitarem de reforço. O secretário pontuou, no entanto, que o EPI deve ser utilizado por pessoas com quadro viral, a fim de que se evite a contaminação de outras pessoas. Além delas, o uso é recomendado a profissionais de saúde.

De acordo com o secretário, até o momento, o governo empregou R$ 600 mil em campanhas e medidas para conter o coronavírus em Minas. Segundo ele, o Estado fará um remanejamento financeiro para disponibilizar recursos para a área, a depender da propagação do vírus.

Tópicos: coronavírus

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