Carretas com 155 mil litros de combustíveis estão retidas na BR-040
Frota está há dois meses estacionada na via com 75 mil litros de gasolina, 35 mil litros de etanol e 45 mil litros de um produto não identificado, que a polícia acredita tratar-se de solvente usado para adulteração em combustíveis
Passados dois meses da apreensão de caminhões com cerca de 155 mil litros de combustível que seriam impróprios para uso, os veículos continuam em frente à unidade operacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Juiz de Fora, à espera de uma solução para o problema. Uma reunião realizada na última quinta-feira (11), contou com a presença de representantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Receita Estadual, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Civil (PC) para tratar do assunto. Uma preocupação é com a manutenção das carretas com produto inflamável na BR-040, o que pode representar um risco para a segurança de quem trafega pelo local.
Em fevereiro, a Superintendência Regional da PRF em Minas noticiou que agentes apreenderam, na BR-267, em Guarará, cidade distante cerca de 42 quilômetros de Juiz de Fora, cinco combinações de veículos de carga que estariam transportando combustíveis irregularmente. A operação ocorreu a partir de uma fiscalização rotineira. Após a abordagem de um primeiro caminhão, que transportava 25 mil litros de gasolina sem documentação fiscal, os policiais fizeram rastreamentos na região e encontraram outros veículos parados em postos de combustíveis na mesma situação.
No total, foram apreendidos cerca de 75 mil litros de gasolina, 35 mil litros de etanol e 45 mil litros de um produto não identificado, que os agentes acreditavam tratar-se de solvente utilizado para adulteração em combustíveis. Conforme a PRF, os veículos vinham do interior do Estado de São Paulo e teriam como destino a região metropolitana do Rio de Janeiro.
Na época, a PRF afirmou que apreensões desse tipo vêm crescendo na região, “devido à especialização dos policiais no combate a esse tipo de fraude”. Outras unidades da PRF no Sul do estado e região de Leopoldina e Muriaé também identificaram aumento de apreensões desse tipo. A PRF tem atuado em parceria com outros órgãos de fiscalização, como Receita Estadual dos estados de MG, RJ e ES e Polícia Militar mineira visando a buscar maior eficácia na fiscalização. Os veículos foram encaminhados à PRF em Juiz de Fora, onde se encontram até agora.
Conforme o chefe do Núcleo de Policiamento da PRF, Leonardo Stigert, a meta é buscar o desembaraço para que seja possível liberar os caminhões. Ele explica que, como as multas são altas e, muitas vezes, não são pagas, não é possível retirar os caminhões. Outro agravante é a suspeita de prática de crime fiscal.
O coordenador do Procon Estadual, Amauri Artimos da Matta, esteve em Juiz de Fora para tratar do assunto. Segundo ele, o órgão está preocupado em retirar as carretas da 040, “exatamente porque é um produto perigoso”. Ele veio à cidade para saber como está o caso. A intenção é, em parceria com o Ministério Público da comarca, garantir uma destinação adequada aos caminhões e ao combustível. Conforme Amauri, o combustível estava sendo transportado irregularmente, com falta de nota fiscal. Além da suspeita de sonegação fiscal, o coordenador comenta que laudos apontam que o produto seria impróprio, o que poderia causar danos nos automóveis e prejuízo aos consumidores. Segundo ele, a destinação da frota está em estudo pela equipe constituída.
Também procurado, o promotor Juvenal Martins, que assumiu a 13ª Promotoria de Justiça, responsável pela Defesa do Consumidor, não se posicionou sobre o assunto. Segundo a assessoria do MPMG, ele chegou recentemente à promotoria e “não teve tempo de se inteirar do caso e não consegue entrar em detalhes” sobre ele. Nem a procedência, nem o valor da carga foram informados.
Investigação
Como a Tribuna noticiou em fevereiro, a comercialização de combustíveis em Juiz de Fora é objeto de investigação na 13ª Promotoria. O Procon municipal tem municiado o Ministério Público com dados sobre o mercado local, com o objetivo de contribuir com a investigação realizada no setor.
O MP instaurou procedimento para apurar se postos estariam obtendo lucro excessivo com a venda de combustível na cidade. Quatro estabelecimentos foram notificados e apresentaram a documentação solicitada, como notas fiscais e livros de registro. A papelada foi encaminhada a um contador do Ministério Público para apuração. O procedimento teve origem em representações apresentadas pelos consumidores através da ouvidoria e pode ser estendido a todos os postos em atividade no município. Entre as queixas, está a de que as baixas promovidas pela Petrobras junto às refinarias não seriam repassadas ao consumidor final. No final do mês passado, o preço de combustíveis foi tema de audiência pública na cidade.
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