O meu encontro com Tarcísio
Com muita ansiedade cheguei ao escritório dele. Meia hora antes. Ficou marcado para as 15h. A secretária muito educada e simpática me recebeu e me fez sentar à cadeira na mesa da sala. Uma sala própria para receber mais de uma pessoa.Tinham várias cadeiras. Num instante, ela ligou o aparelho do ar-condicionado e me disse que ficasse à vontade. Sozinho, lá fiquei na sala de reuniões. Sofrendo, porque não dava para ficar à vontade. Estava com a cabeça à mil. Nervoso. Não era e não foi uma “entrevista’ qualquer ou bate-papo com uma pessoa comum. Não era e não foi. Repassava, mentalmente, as três perguntas que faria ao meu entrevistado. Uma experiência única. Estou nessas linhas, caro leitor e distinta leitora, colocando o meu desejo de dividir com vocês as minhas emoções e também, por que não dizer, a minha alegria e honra em poder vivenciar esse momento. Saibam vocês que ficar, cara a cara, olho no olho, sozinho, com uma autoridade à sua frente, não é nada fácil. Dá para imaginar o que sentem os jornalistas diante dos seus entrevistados.
15h. Nada de ele chegar. Ai, meu Deus, será que esqueceu do nosso papo? Ligo ou não para ele? Uso o WhatsApp? Sei que ele está antenado nas redes sociais, com muito protagonismo. Não fiz nem uma coisa e nem outra. Deixei o tempo me consumir na ansiedade. Decidi que minha ação seria esperar. E respirando fui ganhando mais de calma e equilíbrio. A tática deu certo. Ele chega. Pronto, pensei rapidamente, agora é para valer. De novo, o pensamento: como começo essa conversa? Pelo cumprimento amável, a conversa não poderia ter sido melhor. Claro que ele me ajudou muito no meu desempenho. Despistou sobre o meu nervosismo. Fez que não notou, mas estava na cara! Sabedoria do mestre. Foram mais de duas horas de uma ótima prosa para oito minutos destacados para a Coluna Melhor Idade da Rádio CBN/JF, que vai ao ar toda quinta-feira, às 09h50, na apresentação do Marcelo Juliani.
– Gente, foi um momento histórico para mim. Sensacional. Ouvi sobre o que perguntei e muito mais, sobre o que ele quis dizer. Não tenho dúvida em afirmar, o verbo dele é compartilhar.
Foi o que fez a sua vida inteira na política. Lutando por uma sociedade justa e fraterna. E fez muito pela cidade. Sinceramente, penso que a cidade precisa valorizar e amar mais os representantes públicos, que efetivamente fizeram e fazem pelo amor à cidade, a sua população. Desse papo, fica patente a facilidade com que Tarcísio discorre, com muita expressão e prazer, sobre os fatos vividos por ele, claro, principalmente, no campo da Política. São muitas histórias. Muitos casos. Muitas mineirices. Muitos personagens. Muitas memórias, que merecem, de fato, um registro para servir de presente à cidade. No Tarcísio, política e vida são uma coisa só. Ele não tem máscaras.
Dessa conversa com Tarcísio, sobressai a sabedoria que possui. Generoso, tenro e muito sensível. Eu, sempre, no meu lugar de aprendiz, ficava imaginando, como é bom envelhecer como ele. Honesto, uma pessoa que ama Juiz de Fora, que tem opinião, e a seu modo, não aposentou da vida em cidadania na convivência diária com as pessoas. Essa conversa me iluminou. Fiquei por quase três horas ouvindo as histórias, casos e situações de vida de uma grande personalidade. Tarcísio Delgado. Um ex-prefeito da cidade por três períodos. Deputado estadual com três mandatos. Deputado federal. Secretário de Estado de Minas. Candidato a governador do Estado de Minas Gerais. À mim, ficou a sensação e a certeza de como Tarcísio é grande como ser humano. Um espírito gigante em compaixão humana, com equilíbrio e serenidade, na construção de uma boa velhice. Com mel. Com afeto. E um envelhecimento turbinado. Parabéns, Tarcísio. Muito obrigado.
Assistente social e gerontólogo
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