Retorno do Baeta à elite mineira impacta comunidades reais e virtuais

Resultado do Tupynambás nesta temporada promove integração entre moradores de Poço Rico e Santa Teresa, eleva procura de sócios e melhora a imagem do clube nas redes sociais


Por Bruno Kaehler

30/03/2019 às 18h07

Em campo, o retorno e a permanência na elite do Campeonato Mineiro, além da vaga na Série D 2020 foram os objetivos conquistados pelo Tupynambás nesta temporada. A ascensão do Baeta dentro das quatro linhas nos últimos anos, com auge nesta temporada, teve impactos que vão muito além do futebol, com integração da comunidade, fortalecimento da imagem do clube nas redes sociais e aumento do número de sócios.

No âmbito social, a torcida pelo Leão do Poço Rico gerou maior entrosamento de moradores das adjacências da sede da agremiação. É um dos pontos que o torcedor Sidnilson Ferreira, 48 anos, se orgulha em defender. Apaixonado pelo Baeta, ele é presidente da Torcida Leões do Poço Rico e Santa Teresa, organizada do clube.

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Da esquerda para a direita: Irene Alves, Alex Gomes, Arthur (com a bandeira no fundo), Sidnilson Alves Ferreira e Fernando Kirchmeyer no jogo com o Atlético, no último dia 20, pela última rodada da fase classificatória do Mineiro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

“Sou nascido e criado dentro do Poço Rico e do Tupynambás. Da laje da minha casa vejo o campo inteiro (José Paiz Soares). A vida da minha família, e da comunidade, é envolvida com o clube. Mesmo na segunda divisão a garotada já queria participar do futebol no clube, comprar camisa do Tupynambás. Quando veio o acesso, tivemos uma alegria que me lembrou quando tinha 12 anos e ia na janela de casa ver os refletores acessos do campo, quando treinavam. Soltávamos foguetes gritando ‘Baeta!’, algo marcante na minha infância. Esse retorno trouxe uma integração de novo na comunidade, pessoas que não conversavam há tempos se reencontraram no estádio”, explica Ferreira.

Toca do Leão

Prova disso é a transformação de um espaço em Santa Tereza, em frente ao Tupynambás, marcado em um passado recente pela criminalidade, em área de lazer. “Os moradores da região vão reinaugurar essa área que será chamada de Toca do Leão. Neste domingo vamos fazer jogos e um churrasco. Tudo tem sido preparado pela comunidade”, relata Ferreira, também membro da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast).

Há, ainda, a esperança que se abre para jovens participarem de projetos de futebol na base com a parceria, por exemplo, oficializada nesta temporada com o Futebol UFJF, projeto de extensão da Federal que possui equipes que participam, inclusive, dos estaduais de base. “A procura dos meninos tem sido grande. Querem participar de escolinhas, da parceria com a UFJF. O

Poço Rico sempre revelou grandes atletas, e pessoas me procuram para ajudar a levar meninos à UFJF. Isso diminui a criminalidade, afasta eles das ruas. Nossa meta, através da união dos moradores, é mostrar aos jovens que nosso bairro tem muitas opções de lazer. As portas do clube foram abertas à comunidade. O Cláudio Dias (vice-presidente de Futebol do Baeta) acreditou em nós, e a ADJF (equipe de handebol) já abriu o Ginásio Poliesportivo para a Amast.”

Parcerias e sócios

Trajetória do Leão do Poço Rico nesta temporada animou torcedores e integrou a comunidade do entorno do clube (Foto: Fernando Priamo)

O apoio do setor empresarial também é reflexo dos resultados. Segundo o vice-presidente do Baeta, Cláudio Dias, a chegada de patrocinadores e novos parceiros no futebol, assim como a manutenção de outros para este Mineiro, foi ponto que gerou “grata satisfação”. “Nas empresas que procuramos sempre tivemos portas abertas. E realizamos um trabalho diferenciado. Acho que tanto o Tupi, quanto o Tupynambás, têm estatutos antigos, que devem ser atualizados, e buscar o profissionalismo total, não apenas do futebol. Se o clube não tiver um posicionamento profissional, é difícil agregar novos parceiros.”

Neste contexto, o clube busca, desde o início do ano, melhorar a estrutura para os trabalhos no futebol e experiências dos associados. Com isso, espera poder receber mais pessoas nas dependências. “Houve muita procura de novos sócios. Mas começamos uma reforma emergencial lá, tivemos que tirar a caixa d’água e embaixo era um bar, mas com telha de amianto, uma situação muito precária. Acaba que as pessoas não tinham um local para tomar um café, fazer um lanche. Primeiro queremos dar uma condição melhor na estrutura para então concentrarmos forças no aumento do número de sócios. Tendo a liberação da Prefeitura para continuar a reforma, esperamos que os torcedores voltem para o clube”, explica Dias.

Redes sociais

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O impacto também foi significativo nas redes sociais. Segundo a equipe de marketing e assessoria do clube, relatório comparativo no período entre 3/07/2017 (fim do Módulo II do Mineiro) e 15/05/2018 com o período de 15/05/18 e 28/03/2019 nas contas oficiais do Baeta no Facebook e no Instagram aponta um incremento dos números.

De acordo com os dados repassados pela assessoria, o número de seguidores no Facebook passou de 4.780 para 6.215 seguidores, alta de 30%. No Instagram, no mesmo espaço de tempo, houve incremento de 90% no número de usuários – que passaram de 4.510 para 8.609. Já no Twitter, a alta foi de 56%, com 1.067 novos seguidores.

Entre as principais metas estatísticas do clube para 2020, de acordo com Dias, está a atração de mais torcedores aos jogos. “Pegamos um clube que praticamente não tinha sócios e, para a nossa felicidade, os torcedores começaram a voltar. As redes sociais são um retrato disso. O pessoal tem participado e cobrado. Tem torcida. O que falta para Tupi e Tupynambás é que a torcida compareça ao estádio. Tivemos dois problemas sérios de público, de um pessoal que ficou fora nos jogos entre Tupynambás e Tupi e no Tupi e Cruzeiro. Isso tem que ficar claro. Há um custo muito alto para fazer um jogo. No último, contra o Atlético, o Tupynambás, pelo que aconteceu nessas duas partidas citadas, dobrou a carga de ingressos (para 9.990 bilhetes). Só que tivemos 2.300 torcedores. Isso não paga nem o árbitro do jogo. Para dobrar a carga esse jogo fica em praticamente R$ 50 mil. Tivemos uma renda de R$ 23 mil, então o clube teve um prejuízo de R$ 27 mil. Precisamos de uma participação efetiva em todos os jogos para aumentar o nível de comprometimento em cada partida.”

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