Votos de deputados se concentram em Juiz de Fora

Tribuna faz análise da votação dos setes parlamentares eleitos por Juiz de Fora para a Câmara dos Deputados e Assembleia. Apenas dois deles tiveram mais votos fora da cidade


Por Renato Salles

14/10/2018 às 07h00

Após a apuração das mais de 48 mil urnas em Minas Gerais, sete candidatos a deputado estadual e federal com domicílio eleitoral em Juiz de Fora conseguiram afiançar respaldo do eleitorado para garantir mandato eletivo a partir de 1º de fevereiro de 2019. Além dos deputados federais Júlio Delgado (PSB) e Margarida Salomão (PT), reeleitos; de Noraldino Júnior (PSC), que renovou seu mandato para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG); e do deputado estadual Lafayette Andrada (PRB), que, agora, elegeu-se para para a Câmara dos Deputados; três vereadores juiz-foranos também obtiveram sucesso nas urnas e estreiam como deputados no ano que vem. São eles, Charlles Evangelista (PSL), que vai para o Congresso Nacional, Roberto Cupolillo (Betão, PT) e Sheila Oliveira (PSL), que vão para a ALMG. Os três tiveram perfis de votação bastante similar e foram, basicamente, eleitos com votos de Juiz de Fora e de outros municípios da Zona da Mata.

A votação mais concentrada regionalmente foi a do vereador Betão. Dos 35.455 votos obtidos pelo vereador petista, 33.508 foram registrados em municípios da Zona da Mata. Ou seja: o desempenho eleitoral do petista em outras regiões do estado respondeu por 1.947 votos. Entre as três cidades que o petista foi mais votado estão Juiz de Fora (26.489 votos, 74,71% de sua votação), Santos Dumont (1.998, 5,61%) e Matias Barbosa (954, 2,69%). A votação regional de Betão talvez se justifique por dois fatores: o fato de ser uma liderança sindical local, com ligações históricas ao braço territorial da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Sindicato dos Professores de Juiz de Fora, e de ter sido a única aposta eleitoral do PT para deputado estadual em Juiz de Fora. Em 2014, por exemplo, além de Betão, o Partido dos Trabalhadores municipal também lançou o vereador Wanderson Castelar (PT). Os dois acabaram dividindo votos e nenhum deles foi eleito.

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Charlles Evangelista também teve uma votação bastante concentrada em sua eleição para deputado federal. De seus 51.626 votos, 86% – 44.397 votos – foram na Zona da Mata. Assim, o parlamentar, apoiador da candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSL) desde o início de seu mandato na Câmara, em 2017, – tanto que, em abril deste ano, trocou o PP pelo PSL – não conseguiu surfar na onda que deu boas votações ao próprio Bolsonaro e a candidatos apoiados por ele para superar a barreira regional. Em Minas, por exemplo, muitos consideram que o crescimento do empresário Romeu Zema (Novo) foi sua aproximação de Bolsonaro, ao citar o nome do candidato à Presidência em debate realizado pela Rede Globo. Assim Charlles, que fez sua campanha em dobradinha com Sheila Oliveira, teve suas maiores votações concentradas em Juiz de Fora (34.600 votos, 67,02% de seus eleitores); Santos Dumont (1.338, 2,59%); e Rio Pomba (789, 1,53%).

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Melhor desempenho

Entre os estreantes, Sheila Oliveira apresentou o melhor desempenho nas urnas e somou 80.038 votos. Lembrada em 666 dos 853 municípios mineiros, a vereadora teve a segunda maior capilaridade eleitoral entre todos os sete deputados eleitos por Juiz de Fora, atrás apenas de Noraldino. Ela, que, juntamente com Charlles, também se filiou ao PSL em abril, após deixar o PTC, conseguiu somar 17.739 votos para além das fronteiras da Zona da Mata. Destes, 7.072 foram registrados na Região Metropolitana de Belo Horizonte; Ainda assim, concentrou sua votação na região, onde computou 62.299 votos – 77,84% de sua votação. Sheila foi ainda a candidata a deputado estadual mais votada em Juiz de Fora, onde computou 44.175 votos (55,19% de sua votação). Os outros dois colégios eleitorais em que apresentou melhor desempenho foram Belo Horizonte (3.303 votos, 4,13% de sua votação) e Santos Dumont (2.787, 3,48%).

Entre os veteranos, Noraldino tem maior capilaridade, e Lafayette concentra votos em BH

Enquanto os novatos apresentam um perfil de votação mais local, baseado em suas atuações como parlamentares juiz-foranos, atuais deputados que obtiveram sucesso e conseguiram se eleger pela cidade têm desempenho distintos. O resultado mais fora da curva é o do deputado estadual Lafayette Andrada (PRB), que foi eleito para deputado federal com 103.090 votos. Apesar de sua filiação partidária ser registrada em Juiz de Fora e de ter disputado a Prefeitura local em 2016, Lafayette teve mais votos na Região Metropolitana de Belo Horizonte – 40.163 votos, 38,96% de sua votação total – que na Zona da Mata – 14.722 votos, 14,28%. Mais: com relação às cidades, o deputado teve mais votos em Belo Horizonte, onde nasceu (15.889 votos, 15,41% de sua votação total); Barbacena (3.845 votos, 3,73%); e Araguari (3.607 votos, 3,5%). Em Juiz de Fora, o parlamentar obteve 1.634 votos (1,59%).

Eleito para seu segundo mandato na ALMG, Noraldino Júnior (PSC) teve a votação mais distribuída. Defensor das causas animais com forte atuação nas redes sociais, foi lembrado em 798 município por 114.807 eleitores – a maior votação entre os eleitos com domicílio eleitoral pelo município. Assim, obteve votação e percentuais significativos – acima dos 10% – em três regiões do estado: 35.802 votos na Zona da Mata (31,18% de sua votação total); 25.408 na Região Metropolitana de Belo Horizonte (22,13%); e 21.498 votos no Sul/Sudoeste de Minas (18,73%). Quinto mais votado na corrida pela Assembleia, a votação obtida por Noraldino o colocaria na 16º posição na disputa por uma cadeira de deputado federal nas eleições 2018. O deputado do PSC, porém, acumulou um resultado “negativo”. Após ser o candidato a deputado estadual mais votado em Juiz de Fora nas eleições de 2014 e disputar a Prefeitura em 2016, viu seu desempenho na cidade cair de 38.471, votos obtidos há quatro anos, para 23.167 no último domingo (20,18% de sua votação total).

Por fim, os dois veteranos na Câmara dos Deputados que conseguiram a reeleição, Júlio Delgado (PSB) e Margarida Salomão (PT), tiveram seus desempenhos eleitorais concentrados na Zona da Mata, apesar dos números distintos entre si. Candidata a deputado federal mais votada em Juiz de Fora, Margarida foi, em termos proporcionais, a que mais dependeu do apoio regional entre os sete eleitos para renovar seu mandato no Congresso, apesar de estar indo agora para sua terceira Legislatura. De seus 89.378 votos, 77.383 foram computados na Zona da Mata (86,58% – percentual muito próximo do obtido por Charlles Evangelista, do PSL). Só em Juiz de Fora, Margarida somou 47.172 votos (52,78% do total). Já Júlio teve 35.490 de seus 58.413 votos na região, o que corresponde a 60,76% de sua votação final. Destes, 20.165 foram obtidos em Juiz de Fora (34,52%).

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Tópicos: eleições 2018

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